Na abertura da mostra, o professor Henrique Lins de Barros, diretor da Escola Nacional de Botânica Tropical do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, apresentou uma palestra sobre a percepção do tempo, conceito de tempo profundo e o tempo como quarta dimensão.
“O tema tempo é multidisciplinar. Pode-se pensar no tempo de várias formas. Ele está presente não só na ciência, mas também, nas músicas, nas poesias, na literatura. A medida de tempo, seu conceito nas ciências naturais, a noção, a percepção de passagem do tempo: tudo isso foi mudando ao longo da nossa história.”, analisa Flávia Requeijo, uma das curadoras da exposição. A entrada é gratuita,
Faz tempo, a exposição
A exposição está organizada em dois espaços localizados no campus do MAST. No primeiro, o Pavilhão da Luneta Equatorial Heyde de 21 cm (Cúpula 21), são abordadas questões acerca da natureza do tempo, a percepção da passagem do tempo e suas diferentes escalas.
Para situar os visitantes nestas enormes escalas de tempo, há a representação de um “Calendário Cósmico”, que conta a história do Universo condensada em um ano. Nele, percebemos que a nossa espécie surgiu na Terra nos últimos instantes dessa história. Além disso, o piso do porão do pavilhão tem adesivos com representações de eventos da história do Universo.
Em um dos painéis, a história da Terra (escala de tempo geológico) é apresentada em detalhes, com suas eras e principais eventos que marcaram a vida no planeta. Como objetos relacionados a estes assuntos, temos os meteoritos e fósseis que ajudam na datação da Terra. Fósseis, cedidos pelo Museu Nacional, estão expostos nesta sala.
No pavilhão do Círculo Meridiano de Gautier, segundo espaço da mostra, são abordados temas relacionados à organização social do tempo e ao “tempo mecânico”. Relógios de pêndulo, de quartzo e atômico, serão usados para relacionar as formas de medir o tempo com a história da medição do tempo no Brasil (ON/MAST), a determinação da hora legal brasileira e outras curiosidades.
A exposição conta com aparatos interativos mecânicos e vídeos para explicar o funcionamento de instrumentos de medida de tempo e conceitos científicos neles envolvidos. Como, por exemplo, um circuito que mostra os componentes internos de um relógio de quartzo. O visitante, ao pressionar um botão, age como uma “bateria”, fornecendo energia para o relógio funcionar e percebe como é feita a contagem do tempo no display. O painel contém explicações sobre os componentes do circuito e ainda outros modelos de relógio de quartzo da atualidade.
Há outros aparatos como o relógio de pêndulo que proporciona, ao público, a oportunidade de manusear conjuntos diferentes de engrenagens e de pêndulos simples para perceber algumas questões abordadas na exposição. O aparato da Luneta Meridiana mostra que as estrelas também podem ser usadas como referência para medir o tempo, além do Sol. E o quiosque multimídia do Relógio Atômico que explica, por meio de um vídeo de animação, o seu funcionamento.
Para Flávia, a exposição ajuda a “perceber um novo conceito de tempo que também está nas rochas, nos meteoritos, nos fósseis, na literatura e em casa nos nossos relógios. E entender um pouco mais sobre o funcionamento dos instrumentos, ajuda a formar uma ideia sobre o conceito de tempo”.
Histórico do Projeto
Ao longo do projeto da nova exposição de longa duração do MAST (Olhar o céu, medir a Terra), a pesquisadora Maria Esther Alvarez Valente começou a desenvolver estudos com seus bolsistas com o objetivo de avaliar como tornar, instigante, prazeroso e inteligível, para os diferentes públicos do MAST, o tema “Medindo o tempo” pertinente a um dos módulos da exposição.
Desde então outros bolsistas passaram pelo projeto agora intitulado Tempo em Exibição, que tem como objetivos gerais: acessar os conhecimentos que os diferentes públicos possuem a respeito do tempo e de sua medida; pesquisar e desenvolver estratégias de abordagem do conceito de tempo em um museu de ciências e identificar o impacto de ações educativas e comunicacionais realizadas no museu sobre as concepções que diferentes públicos fazem do conceito de tempo.
Em março de 2012, o projeto Tempo em Exibição foi contemplado em um edital da Secretaria de Estado de Cultura, na área de “Dinamização em museus e centros de memória”, o que possibilitou a concepção e o desenvolvimento de uma exposição, que foi nomeada Faz Tempo.
A exposição, coordenada pela pesquisadora Maria Esther Alvarez Valente, é patrocinada pelo CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e pela Secretaria de Estado da Cultura do Rio de Janeiro.
Visitas:
Terça, quinta e sexta, 9h às 17h; quarta, 9h às 20h; sábado, 14h às 20h; domingo e feriado, 14h às 18h. Entrada gratuita. Classificação Livre
Museu de Astronomia e Ciências Afins, à Rua General Bruce, 586, Bairro Imperial de São Cristóvão. Informações: (21) 3514-5200 ou www.mast.br