Eu Maior provoca reflexões sobre nossa relação conosco e com o mundo

Em praticamente uma hora e meia, vários personagens dos cenários educacional, das letras, das artes, da psicologia, da filosofia, das religiões e do esporte expressam de forma coloquial suas leituras sobre a suas existências e o que entendem por felicidade. O roteiro, por não apelar ao elitismo em sua forma de abordagem, consegue pela espontaneidade das falas atingir o público. Pode-se dizer que favorece uma comunicação sem ruídos.

Não é difícil encontrar sintonia com alguns pensamentos, possibilitando releituras do que é exposto. Em alguns momentos, chega a emocionar pela profundidade, como nos depoimentos do teólogo Leonardo Boff, do escritor Rubem Alves, do músico Marcelo Yuka, do fotógrafo Araquém Alcântara e do educador indígena Kaká Werá.

Alguns depoimentos são carregados de uma estreita relação com o meio ambiente.“A minha matriz criativa e compreensão do mundo surgiram andando pelo agreste, no Cerrado, na Caatinga, na floresta. O que (para mim) é básico é expandir belezas, …provocar, refletir…”, fala em dado momento, Alcântara. Para Werá na natureza é onde encontra o pulsar da energia. “Não exige dinheiro, status, nem oferendas, e nenhuma formação…, só a sintonia…”.

Com a exposição pausada, como é uma característica de Leonardo Boff, ele diz – “O ser humano é um projeto infinito, é um nó de relações…A crise purifica…A dor está a serviço de um complexo mais vasto…”. Em poucas palavras, ele permite que pensemos que viver é um palco de possibilidades que não se esgotam.

E uma lição de vida é dada em uma das frases do músico Marcelo Yuka, que ficou paraplégico em 2000, vítima da violência urbana – “…Ser feliz é não abrir mão do caminho da felicidade…”.

E com seu jeito brejeiro, Alves – “um menino de 80 anos” – deixa claro que para ele sua vida é uma sequência de tentativas o que no fundo traduz o sentido da proposta do documentário. “Cheguei onde cheguei onde tudo que planejei deu errado. Sou escritor por acidente (ri)…Fui pastor, professor de Filosofia…agora sou velho”. E se desdobra em sorrisos, quando fala da motivação que provoca se relacionar com as novas gerações de seus netos.

Enfim, aí segue uma dica que fez valer ficar na Internet em casa em uma tarde chuvosa do sábado e me provocou mais questionamentos sobre o sentido da existência, que será um assunto para futuros posts…

*Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk

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