A Conferência Rio + 20 terminou e aprovou um documento final tímido, abaixo das expectativas de instituir um compromisso dos governantes com medidas efetivas para aliar desenvolvimento e sustentabilidade do planeta.
Organizado pela sociedade civil, a Cúpula dos Povos também foi encerrada 22/06/2012. Durante um semana o evento ocupou espaços da cidade do Rio de Janeiro, nos quais propôs desenvolver debates, palestras e atividades artísticas destinadas a fortalecer princípios fundamentais para aproximar as sociedades de um modelo de vida ambientalmente correto, socialmente justo, culturalmente diverso e economicamente viável.
No Aterro do Flamengo, protestos produzidos com antecedência uniram-se a outros, improvisados, para denunciar ações como a biopirataria e queimadas, prejudiciais a uma vida ambientalmente correta.
Alvo de uma tentativa de fechamento, a Rádio Cúpula realizou transmissão até o último dia do evento, garantindo diversidade de conteúdo e afirmando a resistência da mídia livre em cartazes feitos por ativistas
No vasto espaço do Aterro, o esvaziamento de algumas atividades formativas e culturais contrastava com a grande procura por atividades que representam uma errônea concepção de economia verde, representada pela comercialização de produtos artesanais ou daqueles que são alvo de uma industrialização que adota o rótulo verde. Para frear qualquer simpatia sobre esta onda mercadológica verde, cabe o esclarecimento feito por Pablo Solon, organizador da Conferência Mundial dos Povos Sobre Mudanças Climáticas, para quem este rótulo verde mascara a real ação dos países que mais contribuem para a poluição ambiental no mundo. Ele também alerta que os prejuízos recaem sobre os países que poluem menos – bem como sobre os povos sem voz –, como é o caso dos indígenas, dos pequenos agricultores etc., que muitas vezes são obrigados a assistir à apropriação de seus territórios pelos mais influentes. Tudo isso faz pensar que a numerosa exposição de objetos postos a venda nos corredores do Aterro por diversos comerciantes, dentre os quais indígenas, não corresponde a uma economia verde, mas sim a um efeito da precarização provocada por esta economia nos povos historicamente sem voz e cada vez mais ameaçados a perder as terras em que realizam o cultivo de seus alimentos, garantindo um modelo de sustentabilidade difícil de ser alcançado em meio aos interesses das grandes corporações e investidores.
Embora abaixo do esperado pelos vendedores, era visível o afã do público em consumir a produção de cooperativas e expositores particulares. Em alguns momentos, a aglomeração nos locais de compra e venda contrastava com o vazio das tendas Manuel Congo, Patrick Lumumba, Mariana Crioula e outras, todas batizadas com nomes de lideranças políticas e sociais que permaneceram desconhecidas e pouco notadas pelo numeroso público que por lá passava ávido pelo consumo de produtos.
Todos esses aspectos distanciaram a Cúpula de propostas iniciais e motivaram protestos e performances que procuraram afirmar um dos principais eixos do evento: a denúncia das causas estruturais das crises, das falsas soluções e das novas formas de reprodução do capital.
A esse respeito, merece registro o protesto da Via Campesina, realizado no dia 21 de junho para desmascarar o agronegócio e suas falsas soluções que resultam em envenenamento de alimentos e continuidade do latifúndio. Na sexta-feira, dia 22 de junho, o destaque ficou com um grupo de jovens brasileiros que dedicou o dia a uma manifestação de apoio a economia solidária, realizando a doação de artigos e denunciando o consumismo incentivado em todas as partes do mundo globalizado.