O presidente do país, Ollanta Humala, criticou a compra da maior parte das ações da Empresa Periodística Nacional S.A., conhecida como Epensa, pelo Grupo El Comércio. Para o chefe de Estado, o tema precisa ser discutido no Congresso.
As ações da Epensa foram compradas em 2013 pelo equivalente a R$ 40 milhões. De acordo com a Sociedade de Empresas Jornalísticas do Peru, o El Comércio passou a deter 78% do mercado de jornais peruanos. Na França, uma empresa ou pessoa não pode controlar mais de 30% no mercado, já na Itália, o limite é de 20%.
Na última terça-feira (7), o deputado da base aliada Manuel Dammert confirmou que o grupo parlamentar Ação Popular – Frente Ampla pretende elaborar e apresentar um projeto de lei contra a concentração de meios no Peru.
Diversos oponentes de Humala manifestaram apoio ao El Comércio e afirmaram que a interferência do governo é uma ameaça à liberdade de imprensa e ao jornalismo livre. Já o grupo La República Publicaciones, que detém 17% do mercado e é o principal concorrente do El Comércio, recorreu à Justiça peruana para que seja cancelada a compra. O La República também tentou comprar as ações da Epensa com o objetivo de equilibrar o mercado.
De acordo com uma pesquisa do jornalista peruano Ricardo Uceda, publicada na revista Poder, no Peru não existem limites legais à expansão dos meios impressos, diferentemente das emissoras de televisão e rádio. O escritor peruano Mario Vargas Llosa classificou o domínio do mercado no país pelo El Comércio como uma “potencial ameaça à democracia”.