Estamos aqui pra denunciar que as ações do Estado de Israel são ilegais. Que hoje os palestinos estão em 2% de seus territórios originais. Que o conflito não tem nenhum equilíbrio e mas se trata de uma ocupação violenta. De um lado, está um povo que luta e resiste há décadas e conta com a solidariedade internacional de quem também luta contra o anti-imperialismo. Do outro lado, está um Estado, que tem do seu lado a conivência e o financiamento de outros Estados poderosos como os Estados Unidos e que opera a ocupação violenta de um território e a opressão de um povo que gera muito lucro para alguns setores econômicos, como a indústria armamentista. O maior número de refugiados do planeta é formado por palestinos e palestinas.
Vale dizer, ainda, que o FSM Palestina Livre sofreu muito boicote aqui em Porto Alegre. Não se fala sobre o Fórum na imprensa e houve pressão sobre os poderes públicos para que não apoiassem sua realização, que gerou, inclusive, a retirada de apoios que já estavam acordados. Um exemplo é o Ministério Público, que estava emprestando salas para as atividades do Fórum e retirou o apoio. O que não é mera coincidência é que a G4S (mais infos logo aí embaixo) presta serviços de segurança para o este órgão.
Mas não recuamos e estamos aqui! E esse post é pra socializar um pouco o que estamos fazendo nesses dias.
Luta e resistência das mulheres palestinas foi a atividade organizada pela MMM na quinta feira, em conjunto com as mulheres da Via Campesina, FDIM, Kairós, CUT, UBM, entre outras e pudemos conhecer as companheiras da UPWC, que participam da MMM na Palestina. Mais de 200 pessoas participaram deste momento e foram em seguida para uma grande marcha, com cerca de 10 mil pessoas, em defesa da Palestina Livre.
Desde várias partes da Palestina, escutamos as histórias de sofrimento das mulheres, mas nos reconhecemos na resistência.
Ouvir o depoimento de quem sofre no cotidiano uma vida cerceada por um Estado genocida desmonta qualquer imagem construída pela grande imprensa sobre o que se passa naquela região.
Desde a UPWC, Khitam nos contou que há dois anos trabalham para a realização deste FSM. A luta palestina não pode ser vista como uma luta isolada, mas sim como uma luta de todos e todas que lutam pela liberdade e contra o imperialismo. E, como mulheres palestinas, elas não consideram que sua luta está dissociada da luta do povo palestino.
“Nossa liberdade só pode vir junto com a liberdade de nosso povo” Khitam, UPWC.
Nossa companheira de Gaza disse que é mais fácil vir para o Brasil que ir para Jerusalém e, aqui, encontrou com muitas companheiras que não via há muitos anos, por conta das restrições de deslocamento que a população têm. Ela foi muito enfática ao dizer o inimigo comum é a ocupação israelense, e que a mídia está muito acostumada a falar do número de mortes e das estatísticas, mas oculta todo o sofrimento humano por trás de cada número.
“Queremos proteção pras mulheres palestinas e avanços para as mulheres em todo o mundo!” Taghreed Jomáa.
Cada mulher que morreu tem uma história. E muitas outras permaneceram vivas, e contam histórias de violência e destruição de suas casas. Gaza, que atualmente é uma faixa menor que a cidade de São Bernardo, sofre com o muro da segregação, com a violência e com o bloqueio.
O número de presos e presas palestinas só aumenta, e as prisões violam as legislações internacionais, inclusive porque são transportados para presídios em território israelense. Além disso, a maioria dos casos de detenção é feita sem julgamento. E todas as visitas são gravadas pelo serviço de inteligência israelense. Vale dizer que a principal empresa que presta serviços de segurança e inteligência para Israel, inclusive nos presídios, é a G4S, que está entrando no Brasil, prestando serviços de inteligência para bancos, mas também opera a implantação do Plano Nacional de Banda Larga, no norte do nosso país.
As palestinas expuseram os mecanismos utilizados por Israel para expulsar o povo palestino de seus territórios, que passam pela economia, pela política e até por obstáculos para o casamento, instituídos por um processo de documentação.
Há poucas semanas, foi instituído o salário mínimo na palestina ocupada, no valor de 400 dólares. No território israelense, o valor é de 1000 dólares. Para ir estudar ou trabalhar, as mulheres tem que passar pelos chamados check points, onde são constantemente assediadas. Para viver, as mulheres resistem a cada dia.
“Mas, como mulheres, nós vamos continuar indo trabalhar e estudar, apesar das ocupações econômicas, políticas e territoriais”. Thaira Zoabi
Ser militante, neste contexto, é um processo que altera profundamente a vida de cada uma dessas mulheres. A repressão, a prisão e até a tortura estão no horizonte de quem decide resistir a essa ocupação violenta e lutar pela palestina livre.
“A nossa memória coletiva serve para fortalecer a luta contra a ocupação israelense”. Khitam
Além de haver organizações de mulheres que há muitos anos constroem a resistência, outras expressões vão sendo criadas a partir de uma nova geração que entra na política. As jovens palestinas constituem uma geração política que nasceu e cresceu na palestina ocupada. Isso, por um lado, coloca dificuldades para imaginar que pode ser diferente. Mas por outro lado, abre espaço para a produção de novas estratégias de ação, muito marcadas pelo internacionalismo.
Somos todas palestinas!
Nós afirmamos que estaremos em marcha até que todas sejamos livres! E levamos a sério este lema.
“Não seremos livres enquanto a Palestina não for livre” Lorraine.
Por isso, ao longo destes dias, estamos aprendendo com a história de cada uma e cada um que vive, resite e luta na Palestina, mas, além disso, estamos debatendo e construindo estratégias concretas de resistência, como o BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções).
Wilhelmina, nossa companheira da África do Sul, nos inspira e dá confiança de que a organização e luta pode sim, acabar com a ocupação israelense.
“Na África do Sul, nos diziam que não era possível por um fim no Apartheid, e nós conseguimos. A Palestina vai ser livre!” Wilhelmina
As mulheres entendem de sofrimento, mas entendem muito mais de resistência. Soninha, da MMM de São Paulo, sintetizou nossa motivação:
“Vamos juntas derrubar o muro do apartheid na Palestina, e vamos juntas derrubar o imperialismo, o capitalismo racista e patriarcal!” Sonia Coelho
Comunicação livre e militante!
Tica Moreno é integrante da Marcha Mundial das Mulheres
(foto: Fora do Eixo)