No dia 27 de agosto de 2013, aconteceu o ato de Entronização do quadro “Por uma cultura de paz” de Carlos Latuff . Foi uma ação política de pendurar o quadro que denuncia o genocídio promovido pelo Estado brasileiro por meio da violência policial na parede do gabinete do juíz João Batista Damasceno, da 1ª Vara de Órfãos e Sucessões.
Para a ocasião o juíz João Damasceno escreveu um artigo publicado no jornal O Dia para ler acesse: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2013-08-28/joao-batista-damasceno-pela-cultura-da-paz.html
Entre outras coisas, o juiz compara repressão que se viu nos protestos de junho ao que se passa nas periferias. Nas comunidades periféricas, diz ele, “a munição disparada não é de borracha. A política de segurança pública militarizada tem como alvo os pobres e excluídos, ‘inimigos internos’ sujeitos ao extermínio. Instituída a pretexto de combate à criminalidade, a violência do Estado se destina ao controle social em benefício da classe que se aproveita da dominação”.
O quadro de Latuff mostra um policial fardado e armado tendo por alvo a figura do Cristo crucificado. Esta ação provocou reações imediatas de repressões e ameaças vindas do deputado estadual do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro. Ele sugeriu à polícia que pedisse indenização por difamação e solicitou a retirada do quadro, como mostra esta matéria publicada no jornal Extra http://extra.globo.com/casos-de-policia/tribunal-de-justica-determina-retirada-de-gravura-polemica-de-gabinete-de-juiz-mas-obra-so-muda-de-sala-9812510.htm
Não há novidade na atuação reacionária do deputado Flávio Bolsonaro, seu caráter autoritário começou a ser formado ainda na infância pelo pai, o deputado federal Jair Bolsonaro, escandalosamente preconceituoso. Me chamou atenção a rapidez de sua ação, em menos de uma semana solicitou a retirada do quadro, questionou a postura progressista dos magistrados e incitou a polícia a reagir contra, o que demonstra que a violência no Brasil é propagada por agentes do Estado, que tem por objetivo a manutenção do status quo. Por isso vemos investimentos pesados na área de segurança em detrimento as áreas de educação, saúde e moradia.
É importante refletir que vivemos em um país que promove a violência investindo em armamentos para reprimir e criminalizar movimentos sociais que lutam por transformações, ameaçam pessoas que lutam por justiça social, criminaliza a pobreza e desenvolve políticas públicas segregadoras. Por outro lado, vale lembrar que a classe dominante teme as transformações impulsionadas pelas lutas da classe trabalhadora.
Nesse episódio, um quadro e um texto “Por uma cultura de paz”, significam muito mais que uma denúncia da atrocidade estatal, são uma ameaça de uma eminente transformação social. Portanto, corram Bolsonaros, corram.