O encontro foi iniciado com a exibição do vídeo Antimperiomidiático, do grupo O Levante, que protesta contra a manipulação exercida pelo monopólio da comunicação no intuito de criar exclusivamente consumidores. O jornalista Julio Rudman, da Radio Nacional Argentina, compartilhou experiências e destacou a importância da Lei de Meios para o fortalecimento das mídias não-comerciais a partir do reconhecimento do Estado.
Laurindo Leal Lalo Filho, doutor em Ciência da Comunicação pela USP e pós doutorado na Universidade de Londres, demonstrou contentamento em discutir comunicação não só com jornalistas, mas com atores de outros setores, como os do meio sindical. Lalo contextualizou o processo de construção histórica da mídia comercial no mundo, destacando o caso brasileiro, em que, diferentemente dos países da Europa a TV começou comercial, não pública. “Nós estamos atrasados cerca de 80 anos em relação a Europa. Mas estamos ficando também muito atrasados em relação a Argentina”, diz Lalo, que cita o coronelismo midiático como herdeiro do oligópolio latifundiário e do escravagismo. O jornalista e sociólogo recomendou a leitura de “Coronelismo, Enxada e Voto”, de Victor Nunes Leal, no qual o processo é descrito.
A proibição da propriedade cruzada, que afetaria todos os grandes grupos de comunicação do país, foi amplamente debatida. Iniciativas de leis populares, como a realizada pelo movimento “Para Expressar a Liberdade”, propiciam o debate sobre o assunto como no caso da Ficha Limpa. No projeto de Lei, o objetivo é democratizar os espaços e concessões de emissoras possibilitando a construção de uma rede pública de meios de comunicação.
A jornalista e ex sindicalista, Elaine Tavares, criticou a utilização da imprensa comercial, como o uso dispendioso de horários nobres televisivos para veiculação de informes em lugar de maior investimento e valorização das mídias corporativas próprias. “O jornalismo deve transcender a questão comercial e a técnica, deve servir para informar, mais do que qualquer outra coisa. Jornalismo é para provocar reflexão”, declarou o jornalista e doutor em sociologia política, Samuel Lima, endossado por Leonor Costa, profissional da comunicação e ativista. “Não podemos permitir que as divergências políticas falem mais alto que os interesses da classe trabalhadora”.
Além da necessidade de uma reforma política que suscite a discussão da renovação das concessões, foram recorrentes na pauta dos dois dias de seminário questões como a sobrecarga de trabalho, os desvios de função nas redações e as exigências do mercado multimídia.
Também foi ouvido com frequência no encontro, um apelo que veio tanto dos palestrantes quanto do público: Para que os jornalistas filiem-se ao sindicato da categoria. Seja para fortalecer a instituição, seja para modificar a estrutura da agremiação.