“Tragedia palestina nos incentiva a continuar”

Inspirado em um manifesto escrito em 2000 por um ativista, formado a partir da pagina relativa a revolucao social no Egito no facebook e estimulado pelas revoltas que sacodem o mundo arabe, o Grupo 15 de Maio utilizou a rede social para convocar a terceira intifada palestina (levante popular). Segundo um dos organizadores, que utiliza o pseudonimo de Abu Falastin (pai da Palestina), o objetivo inicial era que o movimento se desse dentro dos territorios ocupados, mas depois surgiu a ideia de chama-lo “de fora para dentro”. O apelo e o direito inalienavel de retorno – inclusive reconhecido pela ONU (Organizacao das Nacoes Unidas), atraves da resolucao 194 de dezembro de 1948. Naquele ano, deu-se a criacao do Estado de Israel, quando cerca de 800 mil palestinos foram expulsos de suas casas e por volta de 400 aldeias foram destruidas, segundo registra a historia. Esse exodo forcado e conhecido como nakba (termo arabe que designa catastrofe).

A pagina do facebook foi retirada do ar, mediante pressoes, mas o Grupo 15 de Maio nao se intimidou. “Tracamos a rota definida em cada local.” A proposta era de realizacao de tres dias de protestos, culminando com a ida dos manifestantes as fronteiras da Siria, Libano, Jordania e Egito com a Palestina ocupada, em uma acao coordenada. Para surpresa dos organizadores, neste ultimo pais, a junta militar exigiu o cancelamento. As manifestacoes tiveram que ser transferidas para a Praca Tahrir. “Tudo seguiu conforme o planejado, exceto nesse local. Mesmo assim, nos dias 13 e 14 de maio, houve cerca de 500 pessoas que conseguiram chegar a Gaza.” Na Siria, apesar da repressao das forcas de ocupacao, que matou quatro palestinos que tentaram cruzar a fronteira, um conseguiu entrar e retornar a sua terra. Entre Jerusalem e Gaza, foram seis mortos e no Libano, em que franco-atiradores sionistas dispararam contra os manifestantes, 11. O jovem assassinado do campo de refugiados de Baqaa, na Jordania, foi um dos que tentaram cruzar a fronteira da Siria.

Apesar das baixas e das dificuldades apresentadas pelos governos arabes, Abu Falastin considera o movimento um sucesso. Alem de alguns palestinos conseguirem retornar, houve manifestacoes dentro dos territorios de 1948 em que 250 mil participantes se dirigiram a duas aldeias destruidas, num ato simbolico.

Agora seguirao com um trabalho de conscientizacao e fortalecimento da luta pelo direito de retorno, sobretudo junto aos campos de refugiados. Uma programacao ja comeca a ser montada para novos protestos. Do Brasil, assim como de toda a America Latina, Europa e outros destinos fora da regiao, pede que continuem a apoiar o movimento. A campanha de BDS (boicotes, desinvestimento e sancoes) a produtos e servicos que financiam a ocupacao seria um caminho. Outro, de acordo com ele, seria auxiliar no trabalho de mobilizacao em algum campo de refugiados. “A tragedia palestina nos incentiva a continuar”, destaca.

O jovem, cuja familia foi expulsa de Haifa em 1948, afirma que em sua casa hoje vivem pessoas que vieram de outro pais e nao tem nada a ver com a historia do lugar. Ele chegou a ve-la de fora em visita a Palestina ocupada no ano de 1985. Como palestino na diaspora, sonha com o retorno. E enfatiza: “No dia em que voltar, vou exigir o direito as minhas terras e propriedade.”

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