Sizaltina Cutaia, do escritório da Open Society em Luanda, relata que, no dia 3 de Setembro, cerca de 300 jovens se juntaram para uma manifestação pacifica pela saída do presidente José Eduardo dos Santos, que está no poder ha 32 anos.
Segundo ela, o motivo dos protestos foi a possibilidade de eleições no próximo ano (querem que o atual presidente não volte a se candidatar) em meio a um cenário de elevada pobreza, que contrasta com a imensa riqueza de Angola
A jornalista explica que, candidatar. “apesar de não ser necessário, nos termos da lei, o governo provincial de Luanda autorizou a manifestação”. Mas já nas primeiras horas do dia 3, previsto para os protestos, “um dos organizadores foi raptado por um grupo de homens armados, que se presume serem policiais disfarçados”.
Pelo relato, Pandita levava consigo, no momento da abordagem, o material de divulgação da manifestação, incluindo cartazes e panfletos com as palavras de ordem do evento.
Sizaltina explica que, em resposta a essa prisão, outros manifestantes fizeram divulgar um aviso às autoridades, através da imprensa, que caso Pandita não fosse solto até as 14 horas do mesmo dia, marchariam para o palácio presidencial e ficariam ali até que se soubesse do paradeiro do seu companheiro.
Na ausência de um pronunciamento oficial, os jovens começaram a marchar, por volta das 13:20 horas. Como forma de detê-los, a policia pediu reforços e começou a agredir violentamente os manifestantes. Umas 27 pessoas (entre eles vários jornalistas de algumas cadeias internacionais que cobriam a manifestação) foram presas, depois de agredidas e 4 outras foram hospitalizadas em estado grave.
A jornalista faz um balanço da situação de sábado até quarta-feira:
A policia se recusa a permitir contacto entre os detidos e seus familiares ou advogados – essa prática constitui uma violação ao artigo 63º da Constituição da República de Angola, “Toda pessoa privada de liberdade deve ser informada, no momento da sua prisão ou detenção, das respectivas razões e dos seus direitos nomeadamente: ser informada sobre o local para onde será conduzida; informar a família e ao advogado sobre a sua prisão ou detenção e sobre o local para onde será conduzida; consultar o advogado antes de prestar declarações; ser conduzida perante o magistrado competente para confirmação ou não da prisão e de ser julgado nos prazos legais ou libertada.”
A policia se recusa a divulgar a lista dos detidos, o seu paradeiro e quais as acusações pesam sobre eles;
Um julgamento sumário foi inicialmente marcado para terça-feira (6), e por falta de provas (e até mesmo uma acusão formal) ficou adiado para esta quinta (8).
Segundo a jornalista, os presos estariam sendo espancados. Ela acredita que a policia estaria tentando ganhar tempo para fabricar as provas contra os manifestantes.