Quando se trata de vulnerabilidade climática associada à desestabilização socioeconômica e política, parece que um grande paredão se forma, e a sensação de impotência aparece, pois há outras questões fundamentais associadas: fome, falta de saúde e morte. Mais conhecimento a respeito dessa dinâmica é necessário para poder traçar discussões sobre ações de curto, médio e longo prazo, rumo à Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Isso ocorre tendo em vista que o diálogo no âmbito das conferências das partes das convenções climáticas pouco avançaram até agora, o que gera um estado de apreensão global. O Protocolo de Kyoto, o pós Kyoto e o fundo para adaptação ficaram circunscritos aos papéis.
Em outubro do ano passado, foi divulgado o Índice de Vulnerabilidade a Mudanças Climáticas (IVMC), pela empresa britânica de consultoria de riscos Maplecroft, a partir de uma avaliação da situação em 170 países. As análises tiveram como base 42 fatores sociais, econômicos e ambientais; entre eles, a capacidade de resposta dos governos, no intuito de avaliar o risco para a população, os ecossistemas e os negócios em função das mudanças climáticas.
16 foram colocados na categoria de ‘risco extremo’:
1- Bangladesh
2- Índia
3- Madagascar
4- Nepal
5- Moçambique
6- Filipinas
7- Haiti
8- Afeganistão
9- Zimbábue
10- Mianmar
11- Etiópia
12- Camboja
13- Vietnã
14 – Tailândia
15- Maláui
16- Paquistão
Observamos que não figura, entre os primeiros, a Somália, que enfrenta a pior seca em 60 anos, onde morrem milhares de pessoas nos últimos meses, mas a África é uma região de grande vulnerabilidade, com 12 países entre os 25 em maior risco. Já o Brasil é considerado de “médio risco” com relação à capacidade de adaptação.
O Relatório Tendências Globais 2010, divulgado neste ano, pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), aponta que há mais de 2 milhões de pessoas afetadas por desastres naturais, que são atendidas pela organização, de um total de 43,7 milhões de cidadãos. Esses números aumentam dia a dia e exige um olhar mais profundo sobre essa questão.
Hoje, alguns estudos podem servir de parâmetro, associados à realidade incontestável de extrema pobreza que assola principalmente países na África Subsaariana e do sul da Ásia, como também na América do Sul e Central.
Seguem algumas pesquisas nacionais e internacionais, de diferentes fontes, para reunir material afim de iniciar um debate mais fundamentado a respeito:
ÂMBITO NACIONAL:
– Vulnerabilidade das Megacidades Brasileiras às Mudanças Climáticas: Região Metropolitana de São Paulo/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e outros – 2010 – (http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/megacidades.pdf);
– ” do Rio de Janeiro ” 2011 – (http://www.riocomovamos.org.br/arq/vulnerabilidade2011.pdf);
– Mapa da Vulnerabilidade da População do Estado do Rio de Janeiro aos Impactos das Mudanças Climáticas nas Áreas Social, Saúde e Ambiente/Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para o Governo do Estado – (http://issuu.com/rebal/docs/mapa_de_vulnerabilidades_rj_-_relatorio_4_final_-_);
ÂMBITO MUNDIAL
– Choques Climáticos: risco e vulnerabilidade num mundo desigual, do Relatório de Desenvolvimento Humano/ Organização das Nações Unidas (ONU) 2007-2008. Disponível em: http://hdr.undp.org/en/media/HDR_20072008_PT_chapter2.pdf ;
-Concurso Internacional de Micro-documentários, de 2008 – Vulnerabilidade exposta: Dimensões sociais das mudanças climáticas/Banco Mundial (BIRD). Disponível em: http://migre.me/5rulL;
– Mudança Climática: rumo a um novo acordo mundial – Relatório Científico III Conferência sobre Mudanças Globais: América do Sul/Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP) – 2008. Disponível em: http://www.iea.usp.br/iea/textos/relatorio3confregmudancasglobaisal.pdf ;
– Alterações Climáticas: perspectivas africanas para uma acordo pós 2012/ONU-Comissão da União Africana – 2008. Disponível em: http://www.uneca.org/cfm/2008/docs/Portuguese/ClimateChange.pdf .
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