O que é o “B” da campanha BDS contra o apartheid na Palestina?

BDS significa boicote, desinvestimento e sanções ao apartheid de Israel. A campanha surgiu a partir de um chamado da sociedade civil palestina feito em 2005 e vem se fortalecendo e ganhando adeptos em todo o mundo.

Embora as campanhas de boicote sejam avaliadas em função do seu impacto econômico, o seu sucesso é, também, determinado pela sua capacidade para modificar a opinião e as posições políticas.

Uma campanha é avaliada pelo seu impacto econômico, pela sua exposição nos meios de comunicação, pela mudança do discurso da opinião pública no que respeita à compreensão da luta do povo palestino e pelo impacto psicológico sobre o ofensor quanto à inaceitabilidade da sua conduta.

O boicote pode assumir, nomeadamente, as seguintes formas:

Acadêmico e cultural

A cooperação acadêmica e cultural reforça a imagem de Israel nos palcos internacionais. Recusando-se a participar em intercâmbios culturais, artistas e instituições de todo o mundo podem enviar a Israel uma mensagem clara de que a sua ocupação e discriminação contra os palestinos é inaceitável. Em particular, o boicote acadêmico pode ter impacto significativo nas instituições responsáveis por promover as teorias e os conhecimentos necessários para o prosseguimento, por Israel, das suas políticas de ocupação e discriminação.

Vários artistas renomados internacionalmente têm se recusado a se apresentar em Israel e universidades sobretudo europeias vêm cancelando acordos de cooperação e intercâmbio com a potência ocupante. Além disso, intelectuais conceituados como a escritora Naomi Klein têm se posicionado publicamente por boicotes. No Brasil, a campanha tem buscado pressionar instituições e artistas a que sigam o mesmo caminho.

Ao consumo

Os consumidores podem mostrar a sua oposição aos projetos de Israel participando num boicote de produtos e serviços israelenses. O boicote ao consumo atua de duas formas: primeiro, criando má publicidade para o ofensor e, depois, exercendo pressão econômica para a mudança. A campanha global já obteve vitórias importantes, por exemplo na Europa e nos EUA. Neste último, inclusive, uma rede de lojas decidiu não mais vender produtos de Israel em função dos protestos, para preservar sua imagem. No Brasil, um dos focos da campanha são os produtos da indústria mineira Café Três Corações, que teve boa parte de suas ações comprada pela israelense Strauss-Elite, declarada apoiadora das ações militares por parte de Israel.

Desportivo

Os acontecimentos desportivos internacionais podem desempenhar um papel importante na construção da imagem de um país no resto do mundo. Um boicote desportivo a Israel enviaria uma mensagem poderosa de que a sua política de ocupação, expulsão e racismo contra os palestinos é inaceitável. Recentemente, uma esportista tunisiana recusou-se a competir com uma israelense em disputa internacional, como forma de protesto contra a política da potência ocupante.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *