O que é e como surgiu o movimento BDS?

O Movimento global BDS (Boicote – Desinvestimento – Sanções) é um acordo feito entre ativistas e entidades comprometidas com os direitos humanos e os direitos do povo palestino de viver livre do apartheid imposto pelo Estado de Israel. Esse acordo informal e aberto a qualquer pessoa em todo mundo é de participar de ações para pressionar e convencer Israel a encerrar a ocupação dos territórios palestinos.

Três tipos de ação estão no escopo do movimento BDS: 1) boicotar iniciativas e produtos israelenses, como fazem, por exemplo, muitos artistas e intelectuais convidados a se apresentarem em Israel. 2) Retirar ou deixar de investir no país, o que pode ser feito, por exemplo, por empresas e governos. 3) Sancionar, ou seja, punir Israel por desrespeitar os direitos palestinos, o que pode ser feito pela comunidade internacional.

O Comitê Nacional Palestino para o BDS criou um site para divulgar ações do movimento pelo mundo todo. A organização Stop the Wall também promove o BDS, divulgando notícias e convocando maratonas midiáticas sobre a campanha, através de um site dedicado às lutas contra o muro construido por Israel e à resistêcia palestina contra a ocupação. A Ciranda atua na maratona midiática produzindo e divulgando notícias das mídias alternativas no especial Ciranda BDS.

Para saber mais sobre o BDS, conheça o “Apelo da Sociedade Civil Palestina” que deu origem ao movimento:

Em 9 de Julho de 2005, 171 organizações representativas dos três segmentos integrantes do povo palestino – os refugiados, os habitantes dos territórios ocupados e os palestinos cidadãos de Israel – incluindo partidos políticos, sindicatos, associações, coligações e outras organizações, subscreveram o seguinte Apelo:

“Um ano após a histórica decisão do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) que declarou ilegal o Muro construído em território palestino ocupado, Israel prossegue a construção do Muro, em total desrespeito pela decisão do Tribunal. Trinta e oito anos após a ocupação por Israel da Margem Ocidental (incluindo Jerusalém Oriental), da Faixa de Gaza e dos Montes Golã, Israel continua a expandir os colonatos judaicos.

Israel anexou, unilateralmente, as zonas ocupadas de Jerusalém Oriental e dos Montes Golã e está agora a anexar, de facto, grandes porções da Margem Ocidental com a construção do Muro. Israel está também a preparar – à sombra da sua retirada da Faixa de Gaza – a construção e expansão de colonatos na Margem Ocidental. Cinquenta e sete anos depois de o Estado de Israel ter sido criado em território maioritariamente objecto de limpeza étnica dos seus proprietários palestinos, uma maioria de Palestinos são refugiados, muitos dos quais apátridas. Além disso, o arreigado sistema de discriminação racial de Israel contra os seus próprios cidadãos Árabes-Palestinos permanece intacto.

À luz das persistentes violações, por Israel, do Direito Internacional; e

Considerando que, desde 1948, centenas de resoluções das Nações Unidas condenaram as políticas colonialistas e discriminatórias de Israel, por ilegais, e reclamaram soluções imediatas, adequadas e eficazes; e

Considerando que todas as formas internacionais de intervenção e de construção da paz não conseguiram convencer ou forçar Israel a cumprir as leis humanitárias, a respeitar os direitos humanos fundamentais e a pôr fim à sua ocupação e opressão do povo da Palestina; e

Tendo em vista que consciência popular da comunidade internacional tem, historicamente, abraçado a responsabilidade moral de combater a injustiça, como exemplificado na luta pela abolição do apartheid na África do Sul através de variadas formas de boicote, desinvestimento e sanções; e

Inspirados pela luta do povo da África do Sul contra o apartheid e dentro do espírito da solidariedade internacional, da coerência moral e da resistência à injustiça e à opressão,

Nós, representantes da sociedade civil Palestina, apelamos às organizações da sociedade civil internacional e à consciência dos povos em todo o mundo, para imporem amplos boicotes e implementar iniciativas de desinvestimento contra Israel semelhantes às aplicadas à África do Sul no tempo do apartheid. Apelamos a que pressionem os seus respectivos Estados para que imponham embargos e sanções contra Israel. Convidamos, também, os Israelitas conscienciosos a apoiar este Apelo, a bem da justiça e da paz verdadeira.

Estas medidas punitivas não-violentas devem ser mantidas até que Israel cumpra a sua obrigação de reconhecer o direito inalienável do povo Palestino à autodeterminação e cumpra plenamente com os preceitos do Direito Internacional:

1. Pondo fim à ocupação e colonização de todos os territórios árabes e desmantelando o Muro;

2. Reconhecendo os direitos fundamentais dos cidadãos Árabes-Palestinos de Israel à plena igualdade; e

3. Respeitando, protegendo e promovendo os direitos dos refugiados Palestinos ao regresso às suas casas e propriedades como estipulado na resolução 194 da ONU.”

Este Apelo foi adoptado, em 13 de Julho de 2005, pela “Conferência das Nações Unidas da Sociedade Civil Internacional pela Paz no Médio Oriente”, realizada em Paris.

Saiba também o que são: o Boicote, o Desinvestimento e as Sanções dentro do movimento BDS

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