No lançamento de Budrus, diálogo com a mídia alternativa

Em 26 de outubro último, o ICArabe (Instituto da Cultura Árabe) promoveu em São Paulo duas atividades de lançamento do longa-metragem “Budrus”, produzido pela Just Vision, sob a direção da cineasta brasileira Julia Bacha. Seguidos de duas exibições do filme, uma coletiva de imprensa no Instituto Cervantes, que contou sobretudo com jornalistas da chamada mídia alternativa, e uma palestra na PUC-SP (Pontifícia Universidade de São Paulo), com a participação do professor de relações internacionais da instituição Reginaldo Nasser.

Em 82 minutos, o documentário retrata a resistência pacífica na pequena aldeia de Budrus contra o muro que vem sendo construído por Israel na Cisjordânia, território palestino ocupado ilegalmente, e que cortaria o vilarejo, anexaria suas terras e destruiria suas oliveiras. As imagens mostram a participação de membros de diversas tendências e partidos políticos locais, bem como ativistas israelenses, durante os protestos não violentos. As ações ganham visibilidade e uma delegação sul-africana, de militantes que lutaram contra o apartheid naquele país, visita o local e dá seu apoio à luta dos palestinos. Após dez meses de manifestações diárias e repressão cada vez mais intensa das forças de ocupação, Budrus consegue a vitória: o muro não mais passará na aldeia. O êxito continua a inspirar outros vilarejos na Cisjordânia. “O movimento começou em em 2003 e cresceu muito”, disse a cineasta aos jornalistas, após a exibição do filme.

Na conversa, Bacha que mora nos Estados Unidos e veio ao Brasil lançar o DVD, destacou que o objetivo desse documentário e de outros trabalhos seus na Palestina ocupada é dar visibilidade para as ações de resistência pacífica que vêm acontecendo nas aldeias. Para ela, hoje há um novo termo, em substituição à coexistência, desgastada face à mais longa ocupação da era contemporânea: a “corresistência”. Um caminho para resgatar a histórica convivência entre os diversos povos naquelas terras. Atuando pelo viés cultural, Bacha aposta na linguagem do cinema para auxiliar na construção de pontes e derrubada de muros.

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