Movimentos sociais do Espírito Santo marcham contra a economia verde.

Por Wanderson Mansur *

No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta terça-feira (05/06), movimentos sociais do campo e da cidade, sindicatos, ONG´s, estudantes, professores e entidades da sociedade civil saíram em Marcha pelas principais avenidas de Vitória, capital do Espírito Santo, em defesa da vida e do meio ambiente e contra a proposta de economia verde, que será apresentada pelos governos e pelas grandes corporações internacionais na Rio+20, como a principal estratégia para mitigar os impactos do atual modelo de desenvolvimento.

A Marcha, organizada pela ONG ambientalista Rede Alerta, teve o objetivo de dialogar com a sociedade sobre o que representa a economia verde na vida dos povos, e seus impactos no equilíbrio ambiental e na preservação da biodiversidade do planeta. A manifestação ainda faz parte dos preparativos para as discussões e lutas que serão travadas na Cúpula dos Povos, evento organizado pela sociedade civil global, que acontece paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20, a ser realizada no Rio de Janeiro, entre os dias 15 e 23 de junho.

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De acordo com Merci Fardin, integrante da ONG Rede Alerta, os movimentos sociais estão na rua para denunciar o verdadeiro caráter da economia verde e reafirmar a defesa dos bens comuns. “Estamos nos colocando contra a privatização das florestas e dos recursos naturais, que irão impactar a vida dos povos do campo e dos indígenas. O que o capital quer é compensar a degradação ambiental por meio da comercialização de créditos de carbono e da biodiversidade, o que é insustentável”, afirmou.

Valmir Noventa, membro da coordenação do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA-ES), também criticou a economia verde e disse que ela além de ser uma farsa das grandes empresas para escamotear os verdadeiros problemas ambientais também é uma forma do capital expandir suas riquezas e sua economia. “Já houve um grande acordo entre as grandes empresas e os governos. Não temos muita esperança nos resultados da Rio+20”, disse Noventa, ao se referir à Cúpula dos Povos, como espaço de questionamento e debate ao que será definido na Conferência da ONU.

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Noventa disse ainda que esse modelo irá impactar as comunidades e a produção de alimentos, cujo maior percentual provém da agricultura familiar e camponesa. “Os movimentos campesinos tem denunciado a insustentabilidade do modelo de produção do agronegócio, com uso massivo de agrotóxicos, que tem colocado em risco a saúde das pessoas, e contaminado a terra, a água e o ar”, afirmou. “Defendemos um projeto baseado no equilíbrio ambiental, com justiça social e produção de alimentos saudáveis, a partir da reforma agrária, da agroecologia e do acesso facilitado ao crédito”, completou.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) também esteve presente na manifestação. Ednalva Moreira Gomes, da coordenação estadual do movimento, também criticou a economia verde e reafirmou a luta pela reforma agrária.

A representante do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), Camila Valadão, afirmou que enfrentar a crise ambiental é se confrontar contra o capitalismo. “Queremos trazer o ecossocialismo para o centro do debate e rever o atual modelo de produção e consumo, que produz mercadorias que são dispensáveis para a vida e para a dignidade”. Fabíola Xavier, conselheira do CRESS, reforçou que a entidade acredita que a sociedade capitalista é incompatível com uma proposta de desenvolvimento realmente sustentável.

Com bandeiras em punho, cartazes e manifestações contra a “falácia da economia verde”, os manifestantes saíram em caminhada da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) rumo à nova sede da Petrobrás, na Reta da Penha, onde realizaram um ato público. No percurso, foram afixados cartazes, denunciando o uso abusivo de agrotóxicos no Brasil, entregues panfletos, explicando à população o que é a economia verde. Foram criticados ainda os impactos causados pelos grandes projetos e as alterações do Código Florestal.

*Wanderson Mansur – jornalista e membro do Comitê Capixaba em Defesa de um Mundo Sustentável

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