Foto: Rita Ronchetti
À mesa sobre direito à comunicação, ainda na manhã deste sábado (16), o tema da mídia livre como trincheira de luta dos povos sem estado esteve na pauta. Yilmaz Orkan, vice-presidente de relações internacionais e desenvolvimento da Kon-kurd (Confederação de Associações dos Curdos na Europa), apontou a necessidade de os meios alternativos difundirem as violências sofridas pelos curdos e a censura por que passam. Segundo contou, seu país foi dividido em quatro após a Primeira Guerra Mundial, e parte agora está sob domínio turco.
Como forma de evitar que suas reivindicações por independência sejam ouvidas e o mundo tome conhecimento de sua causa, Orkan afirmou que “a internet está proibida ao povo curdo”. A repressão teria resultado no assassinato de 66 jornalistas de um único veículo e condenação do diretor desse meio de comunicação, intitulado “Livre e atual”, a 147 anos de prisão. Na tentativa de furar o cerco midiático, o movimento abriu um canal de TV na Dinamarca, mas “o governo turco interviu através da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e conseguiu seu fechamento”.
Ele destacou que a publicação pela Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada de dois artigos sobre o povo curdo levou à procura de interessados em conhecerem sua realidade. Assim, lembrou a importância da solidariedade internacional, inclusive no campo das mídias livres. Essa foi manifestada pela plateia, que salientou a importância da comunicação democrática como trincheira de luta dos povos sem estado – entre os quais, ainda, os saarawis e palestinos, que vivem sob ocupação há décadas. Caminho fundamental para desconstruir estereótipos e divulgar a opressão e humilhação cotidianas a que são submetidos.