Foto: Sandro Barboza
BAILA CHARME
Abrigado em baixo do viaduto Negrão de Lima em Madureira, subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, está diretamente ligado a dois ritmos da diáspora: samba e black music. Em 1990, os sambistas cariocas Leno, Pedro, Edinho e Xandoca transformaram o espaço sob o viaduto em quadra do bloco “Pagodão”.
Popularizado pelo bloco, o espaço virou referência entre a comunidade
afro-brasileira do Rio de Janeiro, que passou a prestigiar o baile criado por Cesar Athayde em 1992.
Nos dezenove anos de “ocupação” deste espaço, além de dança e música, artigos temáticos como CDs, livros, roupas e peças decorativas encontraram um lugar urbano de existência e resistência.
O grafite é uma das formas de expressão artística concebidas na diáspora africana, que dialoga com outras periferias do mundo.
Dançarinos, antores, artistas plásticos e outros anônimos sujeitos atuantes na formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
SAMBA
A partir de 1920, com os ranchos, desfiles carnavalescos tomam as ruas do Rio de Janeiro. Na década seguinte, as escolas de samba são criadas e passam a organizar um desfile que se transforma na intervenção urbana de matriz africana de maiores proporções e popularidade.
Acervo Centro Cultura Cartola
A partir de 2000, os ensaios técnicos realizados na Av. Marques de Sapucaí são incorporados ao calendário oficial da cidade.
Ensaios técnicos: intervenção urbana que antecipa o carnaval no calendário da cidade. : Acontecem nos fins de semana dos meses anteriores ao carnaval, no Sambódromo, reunindo um público estimado em 60.000 pessoas, que assiste aos ensaios de ritmistas das escolas.
Ensaios de rua: samba na raiz : Acontecem nas proximidades das quadras de cada escola de samba. Apresentaremos algumas fotos do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, que desfila por ruas dos bairros de Madureira, sede de sua quadra, e de Oswaldo Cruz, local onde a escola foi fundada em 1926.
Ritmistas e cantores comandam a passagem dos componentes pelas ruas da comunidade. Mestre Sala e Porta Bandeira:-pavilhão sagrado nas mãos, no corpo o bailado de uma arte tradicional.
Bateria, comandada por um mestre, é uma complexa orquestra
popular que produz samba a partir de doze instrumentos básicos
tocados pelos homens e mulheres, que sustentam o ritmo de matriz africana nas quadras, ruas e avenidas cariocas.
Em cada uma das alas, muitas cores, vozes e corpos levam o samba para as ruas. Seguindo os valores tradicionais africanos, crianças e mais velhos são figuras respeitadas no universo do samba. A ala das baianas é composta pelas damas do samba carregam a memória do Carnaval.
No sambódromo, a iniciativa coletiva do ensaio técnico assumiu relevância e sofreu processo de institucionalização. Como nos ensaios de rua, nesta intervenção que acontece no centro da Cidade do Rio de Janeiro, e na qual desfilam todas as escolas, a participação do público é gratuita. Tripés e carros alegóricos se tornaram marca da linguagem visual criada nos desfiles carnavalescos cariocas. Símbolos e cores adotados estão associados ao surgimento da agremiação. As cores da Estação Primeira de Mangueira são uma homenagem ao antigo rancho “Arrepiado” e uma alusão à mangueira verde, de fruto rosa.
A Grande Rio de Duque de Caxias com harmonia, ritmo e vibração na pista anima a platéia. Como definido pela Cultura Tradicional Africana: “a participação é um princípio fundamental” nessa intervenção urbana.
A mocidade Independente de Padre Miguel é uma escola da Zona Oeste se desloca para o Centro da cidade do Rio de Janeiro, onde os integrantes sentem o espaço a ser percorrido e testam a força de seu enredo, confraternizando com as diferentes torcidas.
Além das intervenções urbanas aqui retratadas, as ruas da cidade do Rio de Janeiro abrigam rodas de capoeira, Jongo, Maracatus e outras manifestações da continuidade da matriz africana na cultura brasileira.
Produção e Pesquisa: Clícea Maria Augusto de Miranda, Simone Ribeiro da Conceição, Larissa Oliveira e Gabarra, Regina Paula dos Santos
Glauciana Souza