A frase dita há dois dias na Espanha repercutiu na imprensa de Bangladesh, onde o economista criador do banco Grameen, Muhammad Yunus, ganhou em 2006 o Prëmio Nobel por fazer microempréstimos aos pobres sem visar lucro, criando assim o microcrédito como forma de estimular o autoemprego como saída para situações extremas de pobreza.
Ele participou, esta semana, de uma conferência mundial sobre o tema em Valladolid, na Espanha, e declarou estar surpreso com o fato de que o crédito esteja definindo a agenda do mundo, a ponto de derrubar governos, referindo-se ao que se passa na Europa, com a troca de governos na Grécia e na Itália.
“Estamos obcecados pela avareza, em ganhar dinheiro, estamos centrados somente em nós”, disse Yunus, que chamou de “desastre total” o que está se passando com os mercados financeiros globais. Mas a situação, para ele, é a “melhor oportunidade de mudar”. E o microcrédito, segundo seu criador, pode ser uma ferramenta para “redesenhar totalmente o sistema”.
Em 2010, mais de 687 milhões de pessoas receberam esses pequenos empréstimos em todo o mundo, 9,3% a mais do que em 2009, segundo o último relatório anual da Campanha da Cúpula do Microcrédito.
Este ano, o encontro reuniu mais de 1.600 representantes de 106 países interessados em alcançar as metas da campanha para 2015: que 175 milhões das famílias mais pobres do mundo, especialmente as mulheres, recebam créditos para financiar o autoemprego e que 100 milhões destas famílias alcancem a renda diária de um dólar.
É na terra de Yunnus, um dos países mais populosos do mundo, com uma população de 164 milhões de habitantes em pouco mais de 140 mil km2 (próximo ao tamanho do Amapá), e também um dos mais pobres, que o espaço sulasiático do FSM está sendo organizado para a busca de alternativas a um mundo dominado pelo capital e pelo modelo neoliberal da economia.