A noite era de festa e comemoração dos 25 anos do Projeto Sempre um Papo, idealizado pelo produtor cultural e jornalista Afonso Borges. O Grande Teatro do Palácio das Artes estava lotado para receber os escritores Fernando Morais que veio lançar o livro “Os Últimos Soldados da Guerra Fria” (Companhia das Letras); Frei Betto apresentando seu novo romance, “Minas do Ouro” (Rocco); Ruy Castro e Heloisa Seixas lançando “Terramarear – Peripécias de um Turista Cultural” (Companhia das Letras); Leonardo Boff com “Cuidar da Terra, Proteger a Vida” (Record); Zuenir Ventura, Luis Fernando Veríssimo e Zeca Camargo.
Além desses grandes nomes da literatura e do jornalismo brasileiro que estavam no palco, na plateia entrou em cena os professores que se tornaram tema das falas dos escritores, a começar por Fernando Morais que logo alfinetou: “Para que eventos como este cheguem a comemorar Bodas de Ouro é necessário mais investimento em educação e cultura, então senhores representantes do Governo de Minas atentem para isto”. O auditório se levantou e aplaudiu de pé.
Ainda na porta, antes de começar o evento já se percebia uma movimentação dos professores que viram no evento uma grande oportunidade de dar voz a luta e conseguir apoio. A greve em Belo Horizonte dos professores da Rede Estadual já chega a 90 dias e de acordo com os manifestantes só irá terminar depois de uma negociação, pois não é possível aceitar que o piso salarial em Minas seja inferior ao nacional, conforme definido pelo STF – Superior Tribunal Federal, no dia 24 de agosto, que deve ser de R$ 1.187,97.
A comunidade política foi alvo de crítica também de Leonardo Boff desta vez no destrato com relação ao aquecimento global e com o drama da injustiça global mundial, já que o número de miseráveis no mundo de hoje é superior a 1 bilhão de pessoas. Para Boff estamos vivendo uma crise de civilização em que a energia vital da terra está ficando menor e cada um deve se perguntar o que deve fazer para cuidar do planeta, pois não é possível fazer um back-up da Terra.
Luís Fernando Veríssimo disse poucas palavras, mas também se solidarizou a causa dos professores, falando que eles estavam certíssimos. Com plaquetas na mão e palmas, mais uma vez alguns da plateia se levantaram expressando seu descontentamento com o descaso do Governo de Minas com os professores.
Alguns jornais de Minas dificilmente darão destaque ao protesto dos professores, até porque servem aos interesses do Governo ao invés de desenvolverem um jornalismo voltado para o cidadão.