Das redes às ruas contra a homofobia

A Polícia Civil identificou os suspeitos de agredir um casal gay na madrugada de sábado, primeiro de outubro, na Rua Fernando de Albuquerque, próxima da Avenida Paulista. Os policiais chegaram aos nomes a partir da lista de clientes que estavam no Sonic Bar. Um suspeito prestou depoimento na tarde desta sexta-feira, 07/08.

Durante o depoimento, o suspeito confirmou ter brigado com os homossexuais, mas negou que o confronto tenha sido motivado por homofobia. O jovem, que não teve a identidade revelado, foi acompanhado por seu pai e um advogado e agora irá responder ao crime em liberdade. A polícia não deverá pedir a prisão de outro suspeito se este se apresentar para prestar depoimento da sua versão do ocorrido.

O advogado do jovem, Severino Ferreira, para uma entrevista para o site do G1, deu uma versão diferente para a briga.Para ele, seus cliente e amigo é que foram vítimas e não agressores da briga.

“Meu cliente e o colega dele nem sabiam que os dois homens que quiseram brigar com eles eram gays. Só souberam pela televisão. Meu cliente tem amigos gays, portanto a tese de que a briga foi motivada por homofobia é descabida. Meu cliente tem amigos gays, trabalha e estuda e nunca passou pela polícia antes”, disse Ferreira.

Segundo o advogado, seu cliente relatou que foi com o colega ao bar e paquerou duas garotas. “Elas não deram bola para eles. Em seguida, elas beijaram esses dois que brigaram com o meu cliente e o colega dele. Para não ter confusão, meu cliente e o colega foram embora, mas esses dois os seguiram até o posto e os provocaram, partindo para cima deles, que só brigaram para se defender”, disse o advogado, que também não quis revelar o nome do seu cliente e nem do colega dele.

O rapaz que compareceu ao Degradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), confirmou que é ele que aparece com a camiseta azul clara nas imagens gravadas pelas câmeras de segurança da loja de conveniência do posto de combustíveis que fica na esquina na Rua Bela Vista com Rua Fernando de Albuquerque. Segundo as vítimas, é o homem de camiseta escura quem quebrou a perna do coordenador.

Mas o advogado Ferreira nega, também, que seu cliente e seu colega tenha quebrado a perna do coordenador. “Pelo que o meu cliente disse, foi o próprio coordenador quem quebrou a perna sozinho ao cair da sarjeta”.

O coordenador, de 30 anos, que não teve a identidade revelada, namorado da outra vítima, Marcos Paulo Villa, teve a perna quebrada por chutes e não pela própria queda como que o suspeito insinuou. Ele foi internado nesta semana com traumatismo craniano, depois de reclamar de fortes dores de cabeças.
Manifestação virtual ganha a rua

Inconformados com a violência sofrida por seus amigos, o designer e música William Cavagnolli e a designer gráfica Cris Naumovs, criaram um evento no Facebook chamado “Todo mundo gay no Facebook“, que pede para que cada um trocasse a foto do seu perfil por uma personalidade gay. Eles também estão convocando uma manifestação para a noite deste sábado, na frente do restaurante O Mestiço, local onde houve a agressão.

Na página no Facebook, eles pedem para que levem uma vela para a manifestação quer será “um ato em silêncio”.São 2.820 usuários do Facebook que assinalaram que irão ao evento ou que estão apoiando a manifestação.

Para o Bloygay, do jornalista Vitor Angelo, na Folha de São Paulo, William declarou que “devemos cobrar atitude do Governo para que se cobre da polícia e da sociedade em forma de lei e conscientização. Espero poder ajudar de alguma forma e que na rua vire um ato simbólico não de protesto, mas de aviso. Pois você, seu filho que não é gay ou seu sobrinho que não é gay pode ser confundido com um gay e ser morto por isso”.


Eventos contra violência homofóbica:

Manifestação: sábado, 08 de outubro, às 23h30
Onde?: Frente do restaurante O Mestiço, Rua Fernando Albuquerque, 277

Vigília: segunda feira, as 13 horas,
Decradi – Delegacia especializada em crimes de ódio e intolerância, em apoio a Marcos Villa e Julio Piazza no momento da identificação dos agressores.

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