No mês passado, tive a oportunidade de conhecê-la, quando estive no Rio de Janeiro. Essa senhora extremamente ativa, que prepara o café da manhã em um hostel em Botafogo, é uma copacabanense de “corpo e alma”. “Minha mãe trabalhou como cozinheira no Copacabana Palace e eu vivo desde minha infância lá…”, contou. Essa ligação de “Naza”, como gosta de ser chamada, é ainda mais extensa e se reflete em algumas das cerca de 180 medalhas que conquistou como atleta. “ Em 62, fui a primeira mulher a fazer a travessia do Forte de Copacabana ao Leme”, revela entre uma lembrança e outra também como maratonista.
Depois de ficar viúva de cinco relacionamentos e com uma filha única (que no final dos anos 90 partiu para estudar uma pós-graduação no exterior), ela revela que se viu em um novo desafio – “O que faria sozinha?” Então, decidiu que continuaria a trabalhar, mas se deparou com a dificuldade de uma nova colocação. E não pensou duas vezes. Apesar do nível universitário e de seu currículo com importantes colocações ao longo da carreira, foi fazer curso de copeira, serviços gerais… “Não tive vergonha de ingressar em uma nova área”.
A partir daí, deu um novo sentido à sua vida, mas não conseguiu se limitar a isso. Para manter sua saúde em dia, continuou com prática assídua de exercícios físicos, no Posto 3 de Copacabana, e foi aí que uma nova história começou a ser construída. Várias senhoras também começaram a se exercitar – com uma característica interessante (em grande parte viúvas também). “Hoje somos cerca de 1,2 mil idosas e no nosso grupo tem 10 homens”. E o que era coleguismo nas horas de lazer ganhou uma proposta maior.
“Começamos a observar que quase metade dessas senhoras não tem grande poder aquisitivo e necessitam de apoio. Assim surgiu a ideia da criação da Associação de Viúvas de Copacabana. Nossa expectativa é que até dezembro consigamos nos formalizar e inaugurar nossa sede, perto da rua Toneleiros, onde poderemos utilizar um imóvel, que passa por reforma. A proposta é que lá também haja 30 vagas para abrigar nossas companheiras necessitadas”.
Depois de ouvir dona Nazaré, em quase uma hora desse bate-papo, no fundo, fiquei orgulhosa por sua força de vontade, que demonstra o quanto podemos ser cada vez mais criativos e solidários e, com isso, ganhar vitalidade, com o passar dos anos. E viva Copacabana!
Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk www.twitter.com/SucenaSResk