Mahmoud Sarsak, nosso irmão e filho, tem 25 anos e é jogador profissional de futebol do campo de refugiados de Rafah, na Faixa de Gaza. Hoje ele entrou em seu 68o. dia de greve de fome. Pedimos que você apoie Mahmoud e sua reivindicação de tratamento justo. Sua voz pode ajudar a salvar a vida de Mahmoud, e será uma pequena vitória contra a injustiça.
Mahmoud está preso há três anos, desde que, em 22 de julho de 2009, foi detido por soldados israelenses no posto de controle militar de Erez, em Gaza, quando se dirigia para a Cisjordânia, onde se reuniria à seleção palestina de futebol para um jogo no campo de refugiados de Balata.
Depois disso Mahmoud foi transferido para a prisão de Ashkelon, em Israel, onde permaneceu para interrogatório durante 30 dias, antes de receber ordem de prisão pela Lei dos Combatentes Ilegais israelense, em 23 de agosto de 2009.
A Associação Addameer de Apoio aos Prisioneiros e aos Direitos Humanos declarou que, “na prática, a Lei dos Combatentes Ilegais contém ainda menos proteção aos detentos do que as poucas que são garantidas aos cidadãos da Cisjordânia sob detenção administrativa”, e permite que Israel mantenha os palestinos de Gaza presos por período indefinido, sem acusação e sem processo.
Mahmoud deu início a uma greve de fome em 19 de março de 2012 para protestar contra o fato de estar preso sem acusação e sem processo, solicitando ser informado dos motivos pelos quais vem sendo mantido na prisão há 3 anos, para poder fazer sua defesa, que é seu direito mais básico de acordo com o direito internacional. Depois de ter começado a greve de fome, ele foi transferido para a prisão de Naqab, em 8 de abril, e em seguida colocado em confinamento em solitária na prisão de Eshel. Em 18 de abril foi transferido para a clínica do presídio de Ramleh, em consequência da deterioração de seu estado de saúde. Hoje, 25 de maio, ele completa 68 dias em greve de fome, marco extremamente perigoso, que pode levá-lo à morte a qualquer momento.
Mahmoud é um dos 4.400 palestinos mantidos em prisões israelenses, em violação aos artigos 49 e 76 da IV Convenção de Genebra, que proíbe a transferência de cidadãos de povos ocupados (como é o caso dos palestinos) ao território do país ocupante (Israel). Violações desses artigos são consideradas crimes de guerra, segundo o direito internacional.
Para nós, é insuportável ver Israel receber a honra de ser anfitrião do 21o. campeonato de futebol da UEFA em 2013, e preparar-se para participar das Olimpíadas de Londres, enquanto rotineiramente prende, tortura e mata palestinos, incluindo jogadores de futebol, sem ser penalizado. Esse não é um jogo justo. Esportes devem demonstrar solidariedade.
Como familiares de Mahmoud, pedimos às pessoas de consciência que exijam sua libertação imediata, que pressionem governos e organizações internacionais para exigir que Israel cumpra as normas mais básicas do direito internacional. Em particular, pedimos aos companheiros jogadores de futebol e atletas que manifestem apoio a Mahmoud, que não permaneçam em silêncio enquanto a crueldade e a arbitrariedade de Israel destrói as aspirações de um atleta em ascensão e mantém em suas celas milhares de pessoas em condições sub-humanas. Pedimos aos times de futebol e aos fã-clubes antirracistas que organizem apoios para Mahmoud e para todos os presos políticos palestinos. Sua voz pode contribuir para salvar a vida de Mahmoud, como dissemos, e para garantir mais essa pequena vitória contra a injustiça.
É hora de pôr fim aos crimes que Israel comete impunemente, e de exigir a libertação de todos os palestinos presos ilegalmente por Israel, incluindo aqueles que, junto com nosso amado Mahmoud, fizeram greve de fome em nome de sua dignidade e de sua liberdade.
Mahmoud Kamel Muhammad Sarsak (pai de Mahmoud)
*Ronaldo é Embaixador da Boa Vontade da ONU e os palestinos esperam que ele expresse solidariedade pública com um outro jogador de futebol.
Em 2005, ele foi recebido com festa na Palestina.
Hoje, um centro de futebol em Ramallah leva seu nome.
Tradução: Natalia Forcat e Baby Abrão