Anos e décadas institucionais da ONU e a Rio+20

No contexto da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (#Rio+20), estrategicamente a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2012 como ano de importantes eixos da sustentabilidade, quando completa 40 anos de atividade:

Os temas são:
– Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos e
– Ano Internacional das Cooperativas (que quem sabe, impulsione institucionalmente, pelo menos, a economia solidária aqui no Brasil e no mundo);

Vale lembrar que no dia 17 de dezembro passado, a organização lançou também a Década da Biodiversidade (2011-2020); mas se pensarmos bem, deveria ser (2012-2021), pois foi quase na virada de ano. Mas esse não é o detalhe principal, o que importa é que todos os acordos tecidos nas conferências das partes sejam implementados, como o Protocolo ABS, de Nagoya.

Já a Década sobre Desertos e de Combate à Desertificação (2010-2020) – observem que tem mais um ano = 11 anos -, está em vigor desde o ano retrasado e é um dos temas que deveria ser dos mais prioritários na agenda, que está interligado às mudanças climáticas, ao combate à fome, mas parece que para o mundo se torna de segundo escalão. O que é contraditório, afinal, mais de 100 países no mundo passam por este problema. O flagelo em locais como o Chifre da África, entre outros, nos lembra diariamente o que isso significa: degradação, violência e morte. Mais de 1 milhão de pessoas passando fome parece que vira um assunto a mais nas manchetes eventuais e nas discussões multilaterais principalmente na pujança da temática econômica.

O mais interessante é que a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014) praticamente passa em branco para a imprensa, para o setor educacional e principalmente para todos nós. Não seria um exercício e tanto para se repensar o modelo de desenvolvimento, que tem muito a ver com a governança da sustentabilidade, que será tratada na Rio+20? Nesse mesmo eixo, caiu no esquecimento, a Década da ONU Água para a Vida (2005-2014). Então, para que servem todas essas datas? Em tese, no campo das negociações políticas internacionais, para que os países que fazem parte do Sistema ONU se comprometam com políticas condizentes a essas pautas. Mas é óbvio que as ações dependem de uma conjuntura: governança no poder, financiamentos, políticas públicas estruturantes e por aí vai…

E não podemos menosprezar, inclusive, as entrelinhas da Década de Ações para a Segurança no Trânsito (2011-2020). Aí alguém pode perguntar o que isso tem a ver com sustentabilidade…Algumas respostas nada desprezíveis: modelo de consumo, cultura de paz, qualidade de vida e a relação com emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs). A lógica é a seguinte: veículos menos poluentes e com boas condições de manutenção resultam em mais segurança…

Água, Biodiversidade, Desertificação, Energia Sustentável, Cooperativas, Segurança no Trânsito, Desenvolvimento Sustentável… Tudo está interligado e obviamente não depende dos anos ou décadas para que as políticas de longo prazo sejam formatadas e implementadas. Esses calendários são como o sinal amarelo, que tem a função de alertar. Alertar para o hoje e para o futuro e tentar lembrar o quanto é importante o compromisso de nós, como indivíduos, na participação na sociedade e do papel dos governos, do legislativo, do judiciário, do terceiro setor, do empresariado, nas ações proativas pelo bem coletivo na vizinhança de nossa casa ao sentido mais amplo, na vizinhança no mundo sem fronteiras.

Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk – www.twitter.com/SucenaSResk

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