Mídia livre, por uma agenda de paz, sem cumplicidades

O Fórum Mundial de Mídia Livre celebrou sua 7ª edição no FSM 2022 no México, com foco especial no papel da mídia em situações de ataques a povos, democracias e paz e a necessidade de enfrentar a desinformação usada como arma política e de guerra.

Esta 7ª edição contou com representação de 4 continentes, com a participação da América Latina, América do Norte, África e Norte de África, incluindo Magrebe e Mashrek e Oriente Médio, presencial e híbrida, com diversidade de atividades dentro do processo do Fórum Social Mundial 2022.

Entre painéis e oficinas, a 7ª FMML discutiu a cumplicidade da mídia de massa com a violência estatal e institucional contra os povos sob ataque ou ocupação, legitimando os discursos das forças agressoras, um claro problema discutido conjuntamente na FMML e no Fórum Mundial Palestina Livre .

O FMML discutiu a naturalização do comércio de armas no mundo pela cobertura midiática como mero negócio, sem que a mídia de massa se preocupe em aprofundar o fato de que essa indústria lida com genocídio colonial, extermínio racista e feminicídio em nossos países.

Nesta edição, discutiu-se a narrativa adotada pelos grandes meios de comunicação de massa para normalizar os processos golpistas e o desmonte da democracia, e esse é um problema grave na América Latina.

Mas a programação do FMML também tratou da resistência, dos recursos e das alternativas propostas pelas redes autônomas das comunidades e pelas articulações das mídias livres e rádios comunitárias do mundo, para a construção de outro mundo e de outras narrativas para mudar o futuro.

O FSM defende uma agenda pela paz, que desafia a mídia livre a explicitar as contradições e desconexões entre essa agenda e os modelos de poder que regem o mundo hoje.

A mídia livre deve evitar tomar partido de narrativas imperialistas sobre disputas geopolíticas. Devem investigar e debater os impactos destrutivos das guerras, ocupações e comércio de armas na vida dos indivíduos e dos povos e no futuro do planeta.

Na parte tecnológica, é preciso destacar a importância estratégica para a autonomia e soberania digital dos povos, a promoção e uso das mídias sociais federadas de código aberto e hoje existem protocolos em processo que agora possuem tecnologias consolidadas para se tornarem realidade.

A Internet foi capturada e controlada pelos gigantes das plataformas sociais, que determinam padrões de comportamento por meio do controle de dados pessoais e interesses políticos e econômicos. O conhecimento das redes e coalizões que investigam a governança da Internet e o poder das plataformas deve ser compartilhado com os movimentos que lutam por democracia. As organizações do FMML e do FSM devem promover esses diálogos para promover lutas coletivas pelo direito à comunicação sem manipulação.

A mídia livre hoje somos e podemos ser todas, todos e todes!

Esta edição foi uma oportunidade para refletir sobre o racismo, sexismo e opressões denunciados e concluir que as organizações FMML e FSM devem dar um passo firme na construção de processos cada vez mais inclusivos e capazes de acolher e lidar com as denúncias de eventos dentro e em torno de nossas lutas.

Assim juntos poderemos construir outras relações, outra comunicação e outro mundo possível.

Nota de denúncia e solidariedade

Execução do jornalista Luis Enrique Ramírez no México

Denunciamos o assassinato de jornalistas no México e, segundo as tristes notícias de ontem, o sequestro e execução do jornalista Luis Enrique Ramírez, diretor do site de notícias Fuentes Fidedignas e colunista do El Debate, com foco em Sinaloa, encontrado morto em Culiacán, Sinaloa, em quinta-feira (05). Luis Enrique Ramírez é o nono jornalista assassinado no México em 2022. Nos solidarizamos com todos aqueles que realizam trabalhos de comunicação em meio aos crescentes perigos que ameaçam o exercício do jornalismo no México e no mundo.

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