Seminário sobre cidades do Movimento Terra Livre, começa dia 04

Pela primeira vez na história, desde o inicio das cidades, que a área urbana no mundo , segundo a ONU, ultrapassa a área rural ( 54% urbana, e chegará a 70% em 2050). Este fato coloca novos desafios para organização das lutas que a classe trabalhadora precisara travar para o próximo período, pensando que modelo de cidade temos e que modelo devera se constituir para atender a classe trabalhadora em todos os aspectos para que superem a opressão do capital sobre os trabalhadores e trabalhadoras moradores das cidades.

No Brasil de hoje, cerca de 80% da população é urbana, sendo que na década de 40 apenas 30% da população morava no campo. Durante as décadas de 70 e 80, houve o maior deslocamento das áreas rurais para as áreas urbanas. Este fato ocorreu, principalmente, em decorrência do processo de industrialização no Brasil, promovido sob a batuta da ditadura militar, que forçou enorme deslocamento dos habitantes da área rural, para servir de mão de obra barata, ou excedente de mão de obra, nas fábricas.

Esse processo, nunca se preocupou com as condições de vida da classe trabalhadora, principalmente, porque as áreas reservadas para esta classe sempre foram as mais distantes e com menos infraestrutura para que se obtivesse uma vida digna, que são as regiões periféricas.

Nas duas últimas décadas na cidade de SP e em outras cidades grandes e médias, o setor imobiliário alcançou uma importância maior do que as necessidades do povo, organizando as cidades para garantir os seus proprios interesses e os interesses do capital, principalmente no quesito mobilidade, que interfere e determina a concepção de cidade. Esse fato tem determinado a qualidade de vida ou não nas cidades. São Paulo como sendo uma das maiores regiões de interesse do capital e um dos maiores laboratórios, tem imposto um enorme sofrimento para a sua população, que se encontra hoje em um processo de adoecimento mental, numa escala crescente e sendo, portanto, a maior população com esse tipo de adoecimento no mundo.

Tal urbanização se deu sob os principios da ilegalidade e da desigualdade. A especulação imobiliária fez com que o valor da terra não pudesse ser acessado pelas populações pobres, que passaram a ocupar terrenos distantes dos centros, onde se encontra toda a infra-estrutura urbana qualificada (escolas, transporte, lazer, cultura, saúde, etc.), muitas vezes instalando-se em áreas de preservação ambiental. A moradia é caracterizada pela precariedade de suas instalações e pela ausência do Estado no fornecimento de estrutura básica e serviços. Ou seja, a falta de recurso técnico e ausência do poder estatal impossibilitam a garantia condições mínimas de vida e de moradia. Mesmo quando o Estado não é ausente os recursos são escassos. A repressão e a violência institucional contra a população pobre tornam-se a marca de presença do poder estatal nas periferias e favelas.

Desta forma, a população pobre e marginalizada, encontra-se extremamente vulnerável às catástrofes ambientais, haja vista as recentes enchentes que impactaram profundamente os assentamentos humanos precários, ou seja, as favelas. Não lhes são observados nenhum dos direitos constitucionais já garantidos à moradia, pois são constantemente despejadas. sob forte violência policial, para a implementação de projetos imobiliários rentáveis, demonstrando a perversidade da lógica de produção e ocupação dos espaços da cidade.

Por sua vez, indivíduos, entidades e movimentos sociais, buscam defender os direitos humanos desta população, exigindo a democratização das cidades e suas riquezas, através ocupações de prédios e terrenos que não cumprem a função social. Ao mesmo tempo, a resistência aos processos elitistas e higienistas de “revitalização de centro”; as resistências indígenas, as resistências quilombolas e as diversas resistências nos espaços urbano ( luta pelo transporte gratuito, pela ampliação e qualidade do sistema de saúde, creches nas comunidades, etc.) são constantemente criminalizados ou sofrem violência como forma de repressão de suas ações.

Uma outra tragédia humana, se coloca como fundamental para que entendamos as mudanças que ocorrem na humanidade e repercutem nas cidades, que são os deslocamentos forçados vitimas de guerras obrigados a sair de suas casas. A ONU calcula cerca de 50 milhões, que estão vivendo com status de refugiados em outros países, que não os seus. Essas guerras são sempre provocadas pelo capital, em virtude de áreas estratégicas, que atendam seus interesses.

O Brasil que já tem 1 milhão e 600 mil brasileiros que foram obrigados de sair de suas casas, nesses últimos 7 anos.

Essa nova realidade, que nos tem sido colocadas, (aos movimentos populares), pelos refugiados, nos traz um enorme desafio: como compreender esta situação, estabelecer relações culturais, construir laços de luta, para a superação de diversas situações de opressão que eles vem sofrendo como xenofobia, falta de moradia, e outros.

Assim, o Movimento Terra Livre, em seu braço urbano, pretende realizar um ciclo de Seminários, que aprofunde a necessidade da organização popular em torno do debate sobre que cidade temos e que cidade queremos. Este debate sera muito importante para que possamos nos opor ao modelo de cidade e desenvolvimento predominante que se mostra insustentável à vida e a natureza, para buscarmos alternativas que sejam capazes de efetivar os direitos humanos de todos, principalmente dos setores mais fragilizados pelo capital como das mulheres, LGBTS, Negros, Indígenas, Crianças e Adolescentes.

Debater para entender a cidade nesse momento é fundamental para compreender que dinâmica tem sido imposto pelo capital e refletir a possibilidades de saídas que poderemos construir.

1-A atual conjuntura e os desafios dos movimentos de luta por moradia e reforma urbana

CONVIDADOS: Brigadas Populares (confirmado), Movimento de Moradia Centro,, Luta Popular(confirmado), Terra Livre(confirmado), MMRC Nelson Tchê (Nelsão)

Data 04/02/2016

Local: Ocupação Carolina Maria de Jesus

Rua Iraci, 707 Jd Paulistano

Horário 19:00

2-Mobilidade Urbana

CONVIDADOS: MPL- Movimento Passe Livre , Márcia e Lucio Gregori , Terezinha Ferrari, João Vitor – Conselheiro do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte e Movimento Terra Livre

Data: 17 de Fevereiro

Local: Ocupação Leila Kaled

Rua Conselheiro Furtado, 648 – Liberdade

Horário: 19:00

3- Cidade de exceção: A Militarização das cidades
CONVIDADOS: Comitê pela Desmilitarização da Policia e da Política, Mopat- Movimento Palestina para Todos e Todas, Padre Julio Lancelotti, Marcela Pontes – Médica Comunitária, Coletivo Autonomo Dos Trabalhadores Sociais – Catso

Data 24 Fevereiro

Local: : ECLA

Rua da Abolição, 244 – Bixiga

Horário 19:00

4- Deslocamentos forçados

CONVIDADOS:: Sirios Palestinos, Curdos, Bolivianos,haitianos e Manoel Fernandes (Prof Geo da USP)

Data 07 de Março

Local: Ocupa Leila Kaled

Rua Conselheiro Furtado, 648 Liberdade

Horário: 19:00

5-Cidade dos Homens?

CONVIDADOS: Fala Guerreira, Frente contra o Assédio,Movimento LGBT, Lavínia Clara – militante do Terra livre

Data 17 de Março

Local: ERLA

Rua Santo Antonio, 1025 –A Bixiga

Horário 19:00

6-A periferia e o controle territoral dos(as) indígenas e negros(as):

Das senzalas a resistência dos quilombos!

CONVIDADOS::Vera Teles – Professora da USP(convidada), Rui Poly , Sassá Tupinambá-Tribunal Popular, Movimento Terra Livre

Sinsprev

Rua Antoniod e Godói, 88 5º andar – Centro

Data 28 de março

Horário 19:00

7-Se a cidade fosse minha!

Infância e a construção das cidades cidade

CONVIDADOS: Graziela Kunsch – artista e editora da revista Urbânia, Coletivo Mapa Xilográfico, Grupo Contrafilé, Vagner Fernandes do Movimento Terra Livre

Data 6 de abril

Praça Roosevelt – centro

Horário 19:00

8- Plano Diretor: Cidade para as pessoas ou para os interesses do capital?

CONVIDADOS: Marcelo Sampaio, Lucila Lacreta(convidada), Felipe Francisco de Souza(convidado), Auditória Cidadã da Divida Pública, Usina

19 de abril

Local: Ocupação Leila Kaled

Rua Conselheiro Furtado, 648 – Liberdade

Horário:19:00

Apresentação da Peça: Revolução das Galochas do Grupo Galochas

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