Apontando para a crônica separação entre universidades e o conhecimento produzido pelas classes populares, o sociólogo português Boaventura Souza Santos, da Universidade de Coimbra, abriu o Fórum Mundial de Educação Popular neste domingo, em Porto Alegre, alertando que tudo precisará ser refeito nessa área. Precisamos desaprender as formas de educação empregadas hoje – afirmou.
Historicamente, como ele mostrou, tem havido uma dupla exclusão das classes populares: por não terem acesso às universidades e por encontrarem, quando conseguem acessar, conteúdos hostis aos seus interesses e aspirações. “A universidade transmite conhecimentos das elites para reproduzir as elites”, disse.
Contra esse papel da educação hoje existem algumas experiências que podem indicar caminhos, desde a insurgência da educação emancipadora de Paulo Freire, e atualmente dentro de um contexto em que o conhecimento popular tomou mais consciência de si mesmo – nas manifestações de rua, na política, no uso das novas tecnologias, nas mídias alternativas. O FMEPop tentou reunir algumas das experiências de transformação pedagógica em universidades tradicionais, de universidades alternativas, e propostas populares de produção do conhecimento, que estarão em discussão nos três dias do FMEPop.
Participaram da primeira mesa aberta por Oscar Jara (CEAAL) e Mauri Cruz (FSM) na manhã, para avaliar o momento histórico da educação, ao lado de Boaventura, ex-reitor da Naomar Almeida Filho, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Lia del Carmen Códoba Garrido (Universidad de los Pueblos), Jesus Alejandro Vera JImenez (México), Claudia Rose (Museu da Maré),
Durante a tarde, participantes se dividem em grupos para aportar suas experiências, questionamentos e expectativas na relação entre educação popular e universidade nos temas de 1) direitos humanos; 2)cultura; 3) saberes populares, acadêmicos e de pesquisa e 4) extensão.