Brasil é fundamental na resistência ao neoliberalismo

A sexta edição do Fórum Social Mundial das Migrações, que segue até este sábado (9), em São Paulo, apontou para dois problemas que unificam os movimentos sindical e sociais do mundo, em especial, na América Latina: a contraofensiva do neoliberalismo e a xenofobia.

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Como nas etapas anteriores, o desafio segue costurar e manter a unidade, única saída para construir uma resistência contra a retirada de direitos. Natural, portanto, que neste momento, em que o Brasil passa por um golpe, o país seja palco do lançamento da Jornada Continental pela Democracia e Contra o Neoliberalismo, nesta sexta (8), durante o Fórum.

De acordo com o dirigente da CSA (Confederação Sindical das Américas), Rafael Freire, o objetivo é realizar ao menos 500 atividades em diversos países até o dia 4 de novembro deste ano, quando organizações de todos os continentes farão atos regionais em defesa da democracia.

“O que precisamos para enfrentar e derrotar direita? Unidade. Para nós, a agenda fundamental passa por identificar instrumentos e mecanismos que o capitalismo usa contra a humanidade, concentrando renda e riqueza em 1% da população, como as cadeias de valores que desorganizam e exploram, para podermos nos organizar contra políticas transnacionais e tratados de livre comércio. A CSA quer estar junto com todos que queiram estar com a bandeira da democracia”, falou.

Xenofobia como solução

Representante da CUT, o secretário-adjunto de Relações Internacionais, Ariovaldo de Camargo, defendeu que é preciso frear o crescimento do conservadorismo no país, mas também observar os estragos que devem causar em outras nações vizinhas.

“Os golpes em Honduras e Paraguai também foram de combate a forças progressistas que poderiam impulsionar a construção de nova ordem social e econômica em nosso continente. E certamente teremos impacto na Bolívia e Venezuela que ainda vivem a resistência ao neoliberalismo”, avaliou.

O dirigente apontou que a xenofobia encontra apoio na ideia da população de que os migrantes ocupam postos de trabalho que não lhe caberiam, uma estratégia imperialista para promover uma limpeza étnica.

“Basta ver o resultado do plebiscito Reino Unido, uma visão xenofóbica, contraditória em que os mais atingidos é que deram a vitória, os mais pobres. Vitimas, muitas vezes, de ideia de soluções simples, a ideia de que todos migrantes irão para e que reforça ideia o princípio de não haver espaço para quem não nasce na terra. É nosso dever rechaçar isso e continuar denunciando o ataque aos direitos da classe trabalhadora”, afirmou.

Democracia manipulável

Para Jorge Muñoz, do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial de Migrações, fortalecer a democracia é um desafio maior do que parece.

“Especialmente aqui, mas também na África e Europa, ficou claro que é um instrumento muito fácil de manejar pelo conservadorismo econômico e neoliberalismo político. Cada vez com instrumentos mais apurados. Nunca havia usado o Judiciário, por exemplo, e estão usando em absolutamente todos os países. Esse golpe parlamentar mostra como a democracia no Brasil ainda é frágil”, definiu.

Manipulação que conta, invariavelmente com o papel dos grandes meios de comunicação, observou a coordenadora-geral do FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação), Renata Mielli.

Ela observou que a investida na América Latina se dá por representar uma possibilidade de nova visão de mundo a partir do surgimento de governos com agenda de inclusão social e de novas pautas econômicas, substituindo o livre comércio entre as Américas – Alca – pelo Brics (bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Diante de novas possibilidades à geopolítica mundial e da ousadia da integração entre países, a reação é o golpismo, que encontra apoio da velha mídia em todos os países onde investe no continente e que só será detido se houver a integração também da resistência.

“Nesse sentido, a luta pela democratização da comunicação não pode ser bandeira apenas brasileira. Tivemos avanços em países como Argentina, Bolívia e Venezuela, mas não são suficientes para barrar o papel que a mídia privada cumpre. Sem comunicação integrada e enfrentamento a monopólios do meio de comunicação não vamos democratizar o continente”, disse Renata.

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