Esse foi o veredito proferido pelo juiz João Batista Damasceno, da organização Juízes pela Democracia, durante o julgamento popular de Israel, ocorrido em São Paulo (SP), na tarde de sábado (16/8).
A atividade “Tribunal Popular: o Estado de Israel no banco dos réus” foi organizada pela Frente em Defesa do Povo Palestino, que atuou como promotora de acusação. No total, nove pessoas foram ouvidas como testemunhas de acusação, todas integrantes de movimentos sociais que atuam no combate ao genocídio de povos, não somente na Palestina, onde cerca de 2 mil morreram vítimas dessa mais recente ofensiva do governo israelense, mas também contra o extermínio da população negra e pobre nas periferias dos grandes centros urbanos, como as 120 mil famílias que moram na Comunidade da Maré, na cidade do Rio de Janeiro que, em 26 de junho deste ano, foram atacadas violentamente pelas forças policiais, autorizada pelo Ministério Público Estadual.
Fotos: Thiago Stone / Comitê de Jornalismo Popular
Também em São Paulo, a Justiça tem atuado lado a lado da repressão, dando legitimidade aos ataques. É o que atestou a testemunha de acusação Jasmin, do Comitê Estadual de Luta Contra a Repressão:”A repressão tem se intensificado cada vez mais. Em São Paulo, temos visto isso até no campo judicial com leis anti-greve, as leis da copa, leis anti-mascaras, anti-manifestações. As policiais paulistas, e do mundo todo, mostram que a repressão tem se acirrado”.
Representantes de entidades estudantis como UNE e Anel denunciaram os convênios que vêm sendo realizados entre universidades públicas brasileiras, como URGS e USP, e instituições e empresas israelenses, como Elbit Systems (no RS), o que vem retardando o desenvolvimento de tecnologias nacionais a serviço do Brasil e beneficiando o desenvolvimento do setor privado israelense.
Tanto ela quanto outras testemunhas asseguraram que muitos dos equipamentos tecnológicos utilizados na repressão às mobilizações de rua têm origem israelense, obtidos a partir de acordos comerciais. Esse mercado de armamento contribui diretamente com o financiamento, desenvolvimento e venda das tecnologias à força aérea de Israel, sendo utilizadas no ataque à palestinos.
Ao final, os dez jurados foram unânimes ao exigir a condenação de Israel e empresas daquele país. Participaram do juri representantes das entidades: CSP-Conlutas/MML, CUT, CGTB, Intersindical, Unidos Prá Lutar, Marcha Mundial das Mulheres, MST, Liga da Juventude Islâmica , Rede Ecumênica da Juventude e o padre Julio Lancelotti.
A atividade não tem valor jurídico mas, além de prestar solidariedade ao povo palestino, denuncia o significado predatório e a dimensão internacional da ocupação dos territórios palestinos por colonos e forças militares de Israel.