Algo difícil de esquecer. Apesar da máquina fotográfica não ser potente para fazer os registros, a memória ainda está bem presente. Foi em abril de 2012. Depois de alguns dias em El Calafate e de desvendar a beleza dos glaciares e, em especial, de Perito Moreno, parti para a chamada capital do montanhismo argentino, El Chaltén, uma localidade que faz parte do complexo do Parque Nacional Los Glaciares, que se reveste de imponentes montanhas – como o cerro Fitz Roy – e lindos vales.
Praticamente em uma semana de permanência por lá, fiz pequenas a longas caminhadas, por diferentes trechos, num ritmo tranquilo, respeitando as minhas condições sedentárias urbanas, e pude desvendar estas sutilezas do meio ambiente.
Os condores-dos-andes (Vultur-gryphus), também chamados de águias altaneiras, têm um forte simbolismo para os povos locais, e são consideradas aves sagradas e símbolos nacionais da própria Argentina e de outros países sul-americanos, como Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru. De acordo com a tradição inca, é considerada imortal. A representação desta ave ganha tantos outros significados, como de longevidade, saúde e poder, além de ser mensageira de bons e maus presságios e responsável pelo nascer do sol.
O que é incontestável, no entanto, é sua beleza e imponência. Quando estão com suas asas totalmente abertas é algo magnífico de observar. Não conseguia deixar de fixar meus olhos nos seus bailados no ar. Eram as primeiras horas da manhã e sentei em uma pedra do mirante natural e passei a contemplar. Não sei quanto tempo isso durou mas foi suficiente para fazer brotar lágrimas dos olhos. Pensei – ‘Como é possível tanta perfeição e energia?’. Por mais um dia, fiz este mesmo percurso, e até hoje não me esqueço desses momentos.
Essa espécie é uma das que têm maior envergadura do mundo, chegando a 3,3 metros e a 110 centímetros de comprimento, e a pesar até 12 quilos. Destemidas, parece que não encontram limites, subindo a altitudes de até 5 mil metros. Segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), é classificada como ‘quase ameaçada de extinção’ e hoje já existem programas de conservação com reprodução em cativeiro.
*Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk