Começa nessa segunda-feira, dia 21 de setembro, mais uma edição das Jornadas Bolivarianas, principal evento do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA). O tema dessa décima- primeira edição é Literatura e Política na América Latina. As atividades acontecem no Auditório do Centro Socioeconômico.
Os latino-americanos têm uma exuberante literatura e, ela, mais do que uma área de estudo, é um instrumento muito poderoso de conhecimento da realidade. Guerreiro Ramos, importante estudioso brasileiro, afirmava categoricamente que os primeiros sociólogos da América Latina foram os literatos, figuras que descreviam com grandeza e perspicácia a realidade do continente. No Brasil podem-se citar autores como Euclides da Cunha e Lima Barreto, que narraram episódios cruciais da vida nacional. Cunha descrevendo Canudos, fazendo estudos sobre as fronteiras nacionais, e Lima Barreto discutindo a cultura e a vida cotidiana de um país que entrava na chamada “modernidade”. Obras de imenso valor literário e de profundo conhecimento sobre o país. A literatura, portanto, em toda a América Latina, faz parte da construção da nossa identidade como povo. Por conta dessa riqueza cultural o Instituto de Estudos Latino-Americanos decidiu trabalhar nessa décima primeira edição das Jornadas Bolivarianas o tema Literatura e Política na América Latina, pois era uma lacuna que se apresentava nos nossos estudos.
A literatura, ao contrário de outros campos como a Economia, Sociologia, Filosofia, História e outros, chega à população sem o filtro universitário. Milhões de pessoas se interessam por ela, dispensando a intervenção da universidade que é marcada pelo eurocentrismo, pelo colonialismo e pela indústria cultural. Assim, para nós, passa a ser fundamental discutir esse campo do conhecimento, que é uma forma de expressão da identidade latino-americana, que aparece como uma crítica do passado e do presente, como recuperação da historia comum e projeção de um futuro emancipatório na América Latina.
Tematizar essa relação fecunda/conflituosa entre a literatura e a política tem consequências políticas extraordinárias para a universidade e para o país. Os autores latino-americanos são reconhecidos em todo o mundo por sua qualidade, mas isso é o menos importante. O que nos leva a essa jornada de debates é conhecer a explosiva relação daquilo que os escritores levantam como realidade local, nacional e continental para que possamos pensar um futuro melhor.
Nesse sentido, a XI Edição das Jornadas Bolivarianas convoca renomados intelectuais e literatos da América Latina que dedicam sua vida intelectual a analise da estreita e conflituosa relação entre o surgimento de uma literatura genuinamente latino-americana e os grandes antagonismos que marcam a evolução de nossas sociedades. Escritores como Gabriel Garcia Marques, Lima Barreto, Rodolfo Walsh, Roque Dalton, Jorge Amado, Oswald de Andrade, entre outros, terão suas obras analisadas levando-se em consideração não apenas o valor literário do trabalho, mas a capacidade que tiveram de narrar a realidade, colocando a nu problemas nacionais que acabaram se universalizando pela força de suas narrativas.
Todas as atividade acontecem no Auditório do Centro Sócio-Econômico/UFSC
Programação
Dia 21 de Setembro
Manhã (Auditório do CSE)
As inscrições são gratuitas e feitas no local do evento
8:30 – Abertura oficial das XI Jornadas Bolivarianas
9:15 – Atividade Cultural – Teatro
9:30 – Conferência: Gabriel Garcia e a realidade latino-americana
Victor Moncayo – Colômbia
Coordenação: Nildo Ouriques
Tarde (Auditório do CSE)
14:30 às 18:00
Apresentação de Trabalhos
1 – O Brasil e o capitalismo dependente: integração ou subimperialismo regional? – Poliana Garcia Temistocles.
2 – A construção de um espaço para fortalecimento do poder popular na América Latina: o Sippal – Layssa Maia, Marina Freire, Dennis Rodrigues Martins.
3 – As missões sociais na Venezuela de Hugo Chávez e os desafios de Nicolás Maduro no campo social – Rafael Teixeira de Lima.
4 – Teoria da Dependência Marxista: uma análise da inserção da América Latina no Comércio Internacional nos anos 2000 – Giselle Nunes Florentino.
Noite (Auditório do CSE)
19:00 – Atividade Cultural
19:15 às 21:30
Conferência: Literatura e memória histórica
Tânia Ramos – Santa Catarina
Conferência: “Narrar o ultraje: literatura, memória e testemunho”
Fábio Lopes – Brasil
Coordenação: Waldir Rampinelli
Dia 22 de setembro
Manhã (Auditório do CSE)
09:00 – Atividade Cultural
09:15 – Conferência: Estética e militância em Roque Dalton
Luis Edgar Alvarenga Vásquez – El Salvador
Coordenação: Paulo Capela
Tarde (Auditório do CSE)
14:30 às 18:00
Apresentação de Trabalhos
1 – Por uma nova mística: uma história de amor e fúria e os desafios de uma estética revolucionária para a América Latina no novo capitalismo global – João Gabriel de Almeida
2 – Literatura e questão nacional em José Carlos Mariátegui – Bernardo Soares Pereira
3 – La voz del silêncio: contemporaneidad y oralidad en la poesia Mapuche de Elicura Chihuailaf Nehuelpán – Patricia de Moura Leite
4 – Escritura e Militância na Literatura argentina dos anos 70 – André Queiroz
5 – A micro autobiografia de Odair de Moraes: uma proposta de leitura à luz do marxismo – Edson José Sant´Ana, Gabriela Balbino Simões, Iago Silva e Souza.
Noite (Auditório do CSE)
19:00 – Apresentação Cultural – Lançamento do livro “O golpe da reforma agrária – fraude milionária na entrega de terras em Santa Catarina” – de Gert Shinke
19:15 – Conferência: Oswald de Andrade, o inimigo da piada
Gilberto Felisberto Vasconcellos – Brasil
Coordenação: Elaine Tavares
Dia 23 de setembro
Manhã (Auditório do CSE)
09:00 – Atividade Cultural
09:15 – Conferência: Un abanico o una pistola – Três pistas para pensar a relação entre literatura, jornalismo e intervenção política no pensamento de Rodolfo Walsh
Natália Vinelli – Argentina
Coordenação: Lauro Mattei
Tarde (Auditório do CSE)
14:30 às 17:00
Lançamento do documentário
El Pueblo Que Falta
Direção de André Queiroz – O trabalho aborda a questão da violência de Estado em América Latina (mais precisamente, Argentina, Brasil, Chile e Peru) e os processos de insurgência. Projeção seguida de debate.
Noite (Auditório do CSE)
19:00 – Atividade Cultural
19:15 – Conferência: A literatura e a militância política de Lima Barreto
Denilson Botelho – São Paulo
Coordenação: Nildo Ouriques