Segundo ele, um dos princípios que absorveu, durante sua trajetória profissional, é que na educação não existe verdade definitiva. “Aprendo a aceitar o outro como é, independente da militância”, explica. E com voracidade constante por aprender outros ângulos de leitura de mundo, Pacheco conta que um dos autores brasileiros que revisitou, durante sua carreira, foi Paulo Freire (1921-1997), por meio de algumas de suas obras, como a Pedagogia da Esperança.
“No país, outro pioneiro que respeito é o educador e jornalista Eurípedes Barsanulfo (1880-1918)”. Em 31 de janeiro de 1907, o mineiro criou o primeiro educandário brasileiro com orientação espírita no Brasil, o Colégio Allan Kardec, em Sacramento. A instituição foi considerada uma das mais avançadas na educação à época, utilizando o então método ainda recente de Pestalozzi.
Aprender em comunidade
Para Pacheco, as experiências como educador fizeram com que reconhecesse que as escolas são as pessoas e seus valores e não, os seus edifícios. “Esses valores conduzem a projetos”, completa. O livro ‘Aprender em comunidade’ parte deste princípio. Com linguagem coloquial, o educador escreveu 25 cartas para destinatários do século XVI ao XXI, que tiveram papéis atuantes no Brasil, cujas biografias também podem ser conhecidas na obra.
O formato, de acordo com o autor, permitiu que criasse uma intimidade ficcional também com outros autores já falecidos e os aproximassem do leitor. A tônica das mensagens mescla a crítica, a indignação e a esperança.
Entre os destinatários, está o educador Alessandro Cerchai, que Pacheco não se conforma ter sido pouco conhecido no Brasil. “Ele criou a Escola Libertária Germinal, em 1902, na cidade de São Paulo, que durou dois anos, mas foi inovadora”. Lá, de acordo com o autor, os pais dos alunos pagavam uma pequena mensalidade e intervinham na arrecadação de fundos e na gestão do próprio projeto. Aí estava o embrião da relação escola-família. “E hoje muitas continuam marginais à vida escolar, e frágeis nas estruturas de participação”, compara.
A inspiração para se comunicar com o leitor, por meio dessa linguagem fácil de assimilar, surgiu com o primeiro livro que ‘realmente gostou de escrever’ – como afirma. “Foram as 17 cartas destinadas à minha neta Alice, que havia nascido em 2001, ano em que vim para o Brasil. A minha ideia era que quando ela completasse seis anos, poderia ler. Tempos depois, uma editora se interessou em publicá-las”. E claro, a menina pôde ter o prazer de ler as mensagens de seu avô, como previsto, ainda em sua infância.
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Autoria: *Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk
Crédito da foto: Sucena Shkrada Resk