“Fora Cunha!” unifica o grito das mulheres


“O Estado é laico não pode ser machista, o corpo é nosso, não da bancada moralista
As mulheres estão na rua por libertação, lugar de estuprador não pode ser na certidão!

Esta palavra de ordem cantada, criada na Marcha Mundial de Mulheres, resume bem o que vem acontecendo com os direitos arduamente conquistados pelas mulheres no Congresso Nacional. Centenas de projetos de lei visando eliminar as conquistas feministas dos anos anteriores, desde a Constituição, tramitam na Câmara e no Senado, além de suas sequencias nas Câmaras de Vereadores e Assembleias Legislativas pelo país afora. Seus autores quase sempre são fundamentalistas da chamada bancada da Bíblia. A última conquista desses hipócritas religiosos vem sendo a retirada da “ideologia de gênero” da educação, conceito inexistente, criado por eles para amedontrar as “famílias” com o perigo do amor, da liberdade, do comunismo e do sexo.

“Fora Cunha!” é a palavra de ordem que tem mobilizado milhares de mulheres nos últimos dias, com realização de manifestações públicas no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte. Novos atos estão sendo programados, e também em outras cidades. O líder da Câmara Eduardo Cunha é o autor do PL 5069/2013, já aprovado na CCJ, que facilita o estupro, na medida que constrange a mulher e dificulta a denúncia do crime; além disso retira o direito humanitário garantido às mulheres vitimas de violência sexual de obterem o atendimento imediato previsto para uma situação de pós-estupro. Ao mesmo tempo criminaliza quem dê informações sobre aborto, como também quem ajudar uma mulher em situação de abortamento, entre outras restrições. Sob sua liderança, outras legislações retrógradas e violentas vem avançando – caso da diminuição da maioridade penal e da liberação de compra e porte de armas – unificando o movimento de mulheres no Brasil, que exige sua renúncia. Um parlamentar que deslanchou carreira na equipe do tesoureiro de Collor, PC Farias, e esteve seguidamente envolvido em vários escândalos de corrupção no Rio de Janeiro.

A truculência típica dos machistas, com que o deputado coordena a Câmara Federal, a comprovação de sua hipocrisia e seu envolvimento na operação Lava Jato, retiram-lhe toda a moral para legislar sobre o corpo das mulheres. Por isso, surgem cada dia mais coletivos feministas em lugares como universidades, partidos, organizações, bairros e, claro, na internet, onde cresce exponencialmente a propaganda feminista, contrapondo-se à cultura dominante, capitalista, patriarcal e opressora. Foi por iniciativa desses coletivos que ocorreu o ato de SP. À semelhança das manifestações de 2013, o tema vai mobilizando o Brasil; a reunião dos milhares de pessoas mostra como há reivindicações políticas que podem unificar as lutas. O “Fora Cunha!” representa a vontade que temos de acabar com o Congresso BBB (Bala, Biblia e Boi). Estamos cansadas da violência do Estado que oprime as mulheres, mata e encarcera inocentes e pobres, sobretudo negras e negros, todos os dias nas periferias.

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