O último levantamento sobre violência contra a mulher divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que entre 2009 e 2011, o Brasil registrou aproximadamente 17 mil feminicídios, ‘mortes de mulheres por conflito de gênero.’ A Região Nordeste ficou na pior colocação, apresentando um índice de quase sete casos a cada cem mil mulheres.
A preocupação em reduzir estes números tem feito com que ativistas em defesa do direito à mulher promovam atividades de maneira autônoma a fim de esclarecer à população sobre a importância de denunciar uma agressão e de conhecer as leis que atuam em defesa da mulher. Célia Rodrigues, coordenadora do Grupo Mulher Ideal do Cariri, em Juazeiro do Norte, é uma dessas militantes que busca atuar em áreas socialmente desfavorecidas.
O Grupo Mulher Ideal do Cariri está com uma série de atividades agendadas para a semana da mulher. Na última quinta-feira (6), o grupo iniciou uma série de visitas nas comunidades pobres das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, o chamado Triângulo CraJuBar da Região do Cariri.
Célia afirma que o objetivo do trabalho é fazer com que as mulheres compreendam os seus direitos e saibam onde reivindicá-los, já que vivem em regiões totalmente desassistidas pelo poder público. Além disso, a militante destaca que com o término das visitas o grupo produzirá um relatório sobre a real situação das mulheres que vivem nestas localidades, chamadas de balneário.
Com a proximidade da Copa do Mundo as frentes feministas têm tido uma outra preocupação: o aumento do tráfico de mulheres, aliciamento e da exploração sexual no estado do Ceará. Para combater e chamar a atenção das autoridades governamentais a respeito dessas práticas e dos impactos gerados pela falta de financiamento da secretaria de políticas para as mulheres, feministas da cidade de Independência, no Ceará, também articularam a sua forma de agir. A Rede de Mulheres da região realizou no último dia 27, o primeiro fórum ‘dialogando as violações aos direitos femininos’.
De acordo com Rosa Gonçalves, representante do movimento e integrante da Rádio Comunitária Independência, entre os encaminhamentos do encontro, estão uma carta compromisso que ajudará na implementação de novas formas de trabalhar a questão da violência contra a mulher no município e na criação de um calendário de campanhas para escolas e associações locais voltado para a igualdade de gênero.
Iniciativas independentes como as que estão ocorrendo no interior do Ceará apontam para a importância do governo apoiar movimentos feministas que também estão dispostos a construir uma sociedade no qual o papel da mulher não seja meramente secundário.