Como parte da campanha de boicotes ao apartheid israelense – que se inspira no movimento que pôs fim ao regime de segregação de negros na África do Sul -, a Frente em Defesa do Povo Palestino/BDS Brasil promove ação virtual entre os dias 8 e 10 de abril. O chamado é para que pessoas solidárias ao povo palestino publiquem foto segurando cartaz com os seguintes dizeres: “Abaixo a feira da morte! Eu boicoto Israel!” Ou, se preferirem, compartilhem o banner com esses dizeres.
Nesse período, ocorre no Rio de Janeiro a Laad 2014 (Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa). Denominada feira da morte, nesta edição, tem como expositoras nove empresas israelenses – além de duas subsidiárias brasileiras. É o menor número nos últimos anos, o que mostra que a campanha BDS Brasil começa a dar resultado. Em 2013, havia 30 empresas e em 2011, 28. É fundamental aumentar a pressão e denunciar que essas empresas estão vendendo tecnologias militares testadas nos verdadeiros laboratórios humanos em que se converteram os palestinos.
Israel vem à feira com o objetivo de firmar novos acordos militares com o Brasil, que tem sido visto como um novo mercado, diante do cerco que a campanha de boicotes vem impondo sobretudo na Europa. De olho na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, terão espaço estratégico para apresentar seus produtos e serviços, que no Brasil vêm sendo usados na repressão dos movimentos sociais e populares e no genocídio da população pobre e negra (encontram-se nas mãos de polícias como as do Rio de Janeiro e de São Paulo, por exemplo). É preciso fortalecer a campanha por embargo militar imediato a Israel, num cenário em que governo federal e estaduais têm ampliado os acordos militares com Israel, na contramão do que vem ocorrendo no mundo.
Algumas das expositoras
A Rafael Defence é uma das expositoras. A empresa divulga em seu site o relacionamento “especial” com a chamada IDF (Forças de Defesa de Israel), desenvolvendo produtos personalizados ao exército ocupante. Também entre as expositoras, a israelense FA B Defense, fabricante de equipamentos táticos e acessórios bélicos, que anuncia o desenvolvimento e produção de armas para a potência ocupante. E a Israel Export Institute, uma agência governamental israelense que visa facilitar as oportunidades de negócios, joint ventures e “alianças estratégicas” entre Israel e parceiros globais.
Também estão entre as expositoras a AEL Sistemas e a Ares, duas subsidiárias brasileiras da Elbit – uma das 12 empresas israelense que têm atuado na construção do muro do apartheid e que produz os Vants (veículos aéreos não tripulados) usados nos ataques a Gaza. Em outubro de 2012, na Assembleia Geral das Nações Unidas, o relator especial Richard Falk chamou ao boicote à Elbit. No Brasil há 15 anos, tal empresa ganhou recentemente dois novos contratos milionários com o Exército brasileiro. E o Governo do Rio Grande do Sul pretende expandir sua presença no Brasil, com um projeto de centro aeroespacial baseado na AEL em Porto Alegre. Com isso, a capital gaúcha pode vir a se tornar o polo de pesquisa militar israelense mais importante no exterior. Tal projeto, financiado com dinheiro público, também concede vantagens aos negócios baseados nos crimes cometidos por Israel.