O clamor das panelas vazias simbolizando marchas por todo país, um chamado contra a exclusão que também valorizava os sujeitos sociais, e a data escolhida para a mobilização em 1995 – 7 de Setembro, dia do Grito da Independência, foi o conjunto de mensagens que transformou o Grito dos Excluídos em uma das mais vigorosas manifestações populares do País.
A proposta do Grito surgiu em 1994, por iniciativa da Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e movimentos sociais, que programaram as marchas simultâneas nos estados para setembro do ano seguinte. O 1º Grito dos Excluídos têve o mesmo tema da Campanha da Fraternidade daquele ano: “A Fraternidade e os Excluídos”.
Uma cronologia organizada pelo Portal da EBC, a partir de pesquisa na Agência Brasil e nos arquivos da CNBB, mostra a rápida transformação das marchas do Grito em uma tradição brasileira do 7 de Setembro, que já dura duas décadas. Em 1996, a Assembleia Geral dos Bispos, discutiu e aprovou a inserção do Grito dos Excluídos no projeto Rumo ao Novo Milênio. Em 1999, o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas.
Em 2001, por exemplo, os temas do Grito mostram um ambiente de mais esperança, apenas poucos dias antes dos atentatos do 11 de setembro e o início das campanhas internacionais contra o terrorismo, que jogaram o mundo nas sombras da repressão ostensiva, ameaças de guerras e aumento da xenofobia.
Com o lema Por amor a essa Pátria Brasil,e frente à globalização da economia, o Grito propunha a globalização da solidariedade, sonhos, esperanças e utopias, além de incentivar a construção de um projeto popular para o Brasil.
No ano seguinde, o Grito seria o impulsionador do Plebiscito Nacional contra a ALCA, com o tema: Soberania não se negocia.
Em 2007, com o tema: “Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação”, O Grito trazia várias bandeiras e mobilizações, mas a mensagem fazia alusão à privatização da Cia Vale do Rio Doce, que os movimentos tentavam barrar.
Os Gritos de 2013 e 2014 mostraram sintonia com a mobilização jovem nos protestos pelo país, e levaram as mensagens, “Juventude que ousa lutar constrói projeto popular” e “Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos”, respectivamente.
Este ano, mais uma vez, no dia 7, o Grito fará manifestações em todas as capitais e em várias cidades do interior do país, e terá a crítica da mídia como mensagem central. A pergunta “Que país é esse que mata gente, que a mídia mente e nos consome?”, denuncia a manipulação e a subordinação dos meios de comunicação ao poder econômico e a interesses políticos que representam.
De acordo com a EBC, a organização do evento espera cerca de 10 mil pessoas nos atos em São Paulo e em Aparecida (SP), onde há 28 anos ocorre também a Romaria dos Trabalhadores rumo ao Santuário da padroeira do Brasil, que passou a integrar as atividades da manifestação nos últimos anos. As atividades terão início às 7h no Porto Itaguassu, onde, de acordo com a história, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada por pescadores em 1717, e, de lá, as pessoas seguem para o Santuário da padroeira do Brasil. Na capital paulista, estão sendo organizadas duas atividades: uma na Praça da Sé, que começa às 8h, com uma missa na Catedral, e a outra, organizada por movimentos de moradia, terá concentração na Praça Osvaldo Cruz, na Avenida Paulista, às 9h.