A Via Campesina e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) anunciaram no dia 26 de janeiro, em entrevista coletiva durante o Fórum Social Mundial 2010, em Porto Alegre, ações dos movimentos que estão em andamento no Haiti, antes e depois do terremoto do último dia 12. O intuito era entregar uma carta, com reivindicações de auxílio aos projetos propostos pelas organizações, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seu pronunciamento no ginásio Gigantinho, na capital gaúcha.
O camponês e técnico agrícola paranaense radicado em Rondônia Carlos Roberto Oliveira, 31 anos, e o técnico agrícola capixaba Sidevaldo Miranda, 25, contaram a experiência que vivem no Haiti, desde janeiro de 2009. Os dois integram uma equipe de quatro representantes da Via Campesina, responsável por um projeto junto aos camponeses do país, para auxiliá-los no enfrentamento da crise humanitária pré-existente ao terremoto. Eles devem retornar no dia 31 de janeiro ao Haiti. “Mais 40 militantes da Via Campesina deverão seguir para lá, em 25 de fevereiro. E estamos reivindicando que 120 jovens haitianos possam ter formação técnica no Brasil”, disse Miranda.
Os profissionais fizeram uma imersão no idioma, cultura e geografia haitiana antes de iniciarem a prospecção da área rural, com o auxílio dos movimentos campesinos locais. “Viajamos por dez estados, detectamos várias organizações sociais e verificamos a possibilidade de propostas para executar em 2010, quanto ao abastecimento de água, produção de sementes de legumes e reflorestamento”, contou Oliveira.
Eles se depararam com dados ambientais impactantes, como uma cobertura florestal de 3% e 90% do uso de energia do carvão destinada para produzir alimentos. “Identificamos que o nível de analfabetismo chega a 70%, e verificamos que a falta da água é grave. Às vezes, as pessoas demoram até cinco horas no deslocamento para ter acesso e há o problema dos coliformes fecais”, explicou Oliveira.
Desse levantamento, surgiu a seguinte demanda:
– implementação de escola técnica agrícola;
– cultivo de 20 milhões de árvores frutíferas;
– construção de 50 mil cisternas;
– além de açudes para as famílias nos campos e poços artesianos, entre outras.
O secretário-geral da CUT Nacional, Quintino Severo, expôs que 60% dos haitianos estão desempregados. “Já estabelecemos uma relação com o movimento sindical local, para auxiliá-los nesse sentido. Com o terremoto, retomamos o contato. Também decidimos criar duas brigadas, uma concentrada na prevenção de saúde pública e outra com pedreiros, carpinteiros…”, explicou. Entretanto, o fator logístico ainda dificulta o transporte dos profissionais para o Haiti. “O deslocamento é precário, vamos pedir auxílio ao poder público. A entidade também providenciou um galpão no Rio de Janeiro, onde deverá armazenar donativos às vítimas do terremoto haitiano.”
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Fonte: Blog Cidadãos do Mundo
Foto: Renato Araújo, Agência Brasil/secretário-geral da CUT, Quintino Severo