Vendendo vidas

Embora tenha hoje um espaço maior na imprensa, o tráfico de seres humanos é uma questão que ainda sofre com a invisibilidade. Terceiro negócio ilegal mais rentável do mundo, dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) dão conta de que o crime gera US$ 12 bilhões por ano, envolvendo 2,4 milhões de pessoas traficadas. Destas, 43% sofrem exploração sexual e 33% exploração econômica, sendo que o restante é atingido pelas duas formas simultaneamente.

O tema foi destaque do seminário organizado pela Federação Democrática Internacional das Mulheres na tarde de sexta (21) no Recife. Em geral, promessas de emprego ou de matrimônio levam as mulheres a serem envolvidas pelo crime. “Ocorre freqüentemente o casamento servil, que é quando a mulher casa, mas, ao chegar ao país do marido, torna-se escrava, esclarece Cláudia Molina, coordenadora das delegacias femininas de Pernambuco. No caso específico das brasileiras, uma vez escravizadas, são inúmeras as dificuldades para trazê-las de volta. “Já vi casos em que, por conta do excesso de gesticulação e do estranhamento com a língua, as mulheres daqui são tidas na Europa como desequilibradas, e acabam presas lá se conseguem se desvencilhar da escravidão”, sustenta Cláudia.

Despreparo

Rosarina Sampaio, presidente da Associação das Prostitutas do Ceará, contou um caso pessoal que evidencia a falta de preparo da sociedade em lidar com a exploração sexual e também o poder do crime organizado. “Denunciei um motel em Fortaleza que abrigava crianças que eram exploradas sexualmente, mas o jornal deu meu telefone e endereço na matéria. A partir daí, sofria ameaças diariamente, contou. As ameaças se concretizaram quando Rosarina sofreu um atentado a bala.

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