Por uma pauta política de referência

Na opinião de Sérgio Haddad, Diretor de Relações Internacionais da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais), um dos grandes desafios da segunda edição do Fórum de Abril é em relação à comunicação: “Ela tem que ir no sentido da aglutinação dos atores sociais. Informar às pessoas e provocá-las para influenciar, de fato, na agenda nacional. Termos uma pauta política de referência.”

Qual o sentido do Fórum Social Brasileiro e no que, de fato, ele faz a diferença para o País? Que ação/reação ele provoca na sociedade brasileira?

O evento tem um sentido histórico porque é um espaço de aglutinação da força social da sociedade representada por meio de suas associações, movimentos, redes, sindicatos, ONGs, etc. Essa é a reação porque, mesmo que não totalmente, a discussão, os debates sobre a conjuntura política, econômica e social visam colocar em prática uma nova etapa que é a construção da esfera social. Uma esfera diferente da que vivemos atualmente. Um outro mundo é possível mesmo!

Por ser o momento em que a sociedade brasileira se expressa de maneira direta, ou seja, elege seus representantes, o contexto político do FSB deste ano tem uma importância muito relevante. O cenário é de uma conjuntura hegemonizada pelos partidos, governo, Congresso Nacional em que, no campo político, o Brasil visto, vivido, sentido, quisto e falado pelo povo tem pouca expressão. Por isso, essas mobilizações como o FSB são tão fundamentais para discutirmos nosso país. As diferenças existem, os avanços acontecem quando a sociedade está viva, discute e se organiza.

Essa mobilização pretende ter alguma influência sobre o cenário político atual? Qual?

Esperamos que tenha sim, e talvez, muito fortemente, dos pontos de vista da comunicação, no sentido da circulação da informação qualificada, e da aglutinação da sociedade em que o evento funciona como retorno de suas reivindicações, sonhos, discussões, aprendizados.

Quais desafios ainda permanecem da primeira para esta segunda edição do FSB?

Um dos grandes desafios é o da comunicação no sentido de aglutinação dos atores sociais, informá-los e provocá-los sobre os processos desses eventos, conquistas, espaços para que influenciemos e tenhamos peso, importância, visibilidade para a agenda nacional. E podemos fazer isso potencializando também a capilaridade da comunicação das instituições que integram o Fórum de Abril.

E do ponto de vista estratégico, que tenha mais condições de trazer para os fóruns outros tantos movimentos, instituições que ainda não participaram e que também são as nossas forças sociais.

A diversidade está presente sim no II FSB que acontece com bastante representatividade. Mas o que quero dizer é a cada edição ela seja maior e completa, para que consigamos criar, apresentar uma pauta política de referência para os governos, séria e comprometida a partir da aglutinação, que já vem sendo praticada, mas de forma pouco mais ampla.


A Abong está envolvida diretamente na articulação da construção desse segundo Fórum. É integrante do Comitê Organizador e das Comissões de Infra-Estrutura, de Comunicação e de Metodologia. Você diria que cumpre seu papel institucional desejado nessa mobilização?

A Abong está envolvida com a agenda dos movimentos sociais desde a primeira edição do Fórum Social Mundial e, agora, com o II Fórum Social Brasileiro, mais do que em 2003. A decisão institucional de estar à frente colaborando na coordenação do evento foi tomada porque a Associação teve uma participação bem significativa Fórum Social Nordestino em 2004, em Recife (PE), já tinha esse histórico. Assumimos o desafio de contribuir para a construção desse processo que deve ser coletivo mesmo por sua natureza e de convencimento, chamamento, envolvimento das pessoas.

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