O seminário “Financiamento para o Desenvolvimento”, organizado pela Associação Brasileira de ONGs (Abong) e Fundação Friedrich Ehbert, foi um dos poucos momentos dentro do 2º Fórum Social Brasileiro em que os debates de fato ultrapassaram as fronteiras do país.
Tanto pelo tema – as mesas discutiram questões como a criação de fundos internacionais, os desafios dos modelos adotados por países vizinhos e as dificuldades brasileiras para adotar um modelo que associe crescimento a desenvolvimento -, como pela composição das mesas de debate.
Alexandre Tiphagne, representando a Coordination Sud (rede que reúne mais de 100 organizações não-governamentais francesas dedicadas ao tema da cooperação internacional), foi um dos estrangeiros convidados. Nesta entrevista, Tiphagne retoma parte de sua intervenção no seminário.
Fala sobre os dois principais temas que desafiam as ONGs européias: a efetividade das atuais políticas de cooperação internacional adotadas pelos países mais ricos e a defesa de taxações internacionais que regulem os efeitos da globalização.
Se a última questão foi reforçada recentemente pela iniciativa dos governos brasileiro, francês e chileno de criar uma taxa sobre passagens aéreas, a primeira ainda não pode ser esquecida. Como enfatiza Tiphagne, os 29 países mais ricos do mundo ainda não cumprem com medida acertada há três de décadas de destinar 0,7% do PIB para a ajuda ao desenvolvimento.