Com alguns minutos de atraso, todos do círculo começaram a apresentação e, através dela, pôde-se notar a variedade de pessoas e grupos que estavam presentes, compartilhando o mergulho numa nova forma de comunicação, rompendo assim a invisibilidade da forma em que ela é distribuída: o compartilhamento.
Rita Freire, uma das organizadoras do Ciranda Internacional da Comunicação Independente, falou um pouco das dificuldades que a imprensa independente encontrou no início do Forum Social Mundial. “Não que o Fórum [Social Mundial] tivesse, mas ele nasceu quando havia nos grandes eventos uma cultura de tratamento privilegado para imprensa de mercado , impossibilitando o desenvolvimento de outras formas de comunicação da imprensa independente”, relatou, para explicar o tratamento diferenciado que foi sendo defendido nos fóruns até o II FSB.
Os projetos compartilhados nasceram no Fórum Social Mundial, por iniciativa de midias alternativas que procuravam formas de trabalhar em conjunto, trocar coberturas e modificar as regras da comunicação. Agora eles se realizam no II FSB, com a Ciranda (troca de coberturas, textos imagens e links), Fórum de Radios (cobertura de radio por ar e pela internet, e um Laboratorio de Conhecimentos Livres (oficinas de cultura digital com software livre) e com muito protagonismo das midias e projetos de comunicação de Pernambuco.
A galera da Rádio Livre-se, participante do Fórum de Radios, falou da sua forma de relação com o público. “Procuramos dar voz às pessoas, não nos restringindo apenas a uma grade de programação definitiva. Se a pessoa estiver interessada em colocar sua entrevista no ar ou até mesmo dar uma opinião sobre algum tema que esteja ou não corrente no fórum, ela pode chegar até nós, pegar o microfone e ir ao ar”, explicou Luciana, da Livre-se. O Fórum de Radios está montado ao lado dos ônibus itinerários de acesso à internet.
Tudo em pouco tempo
Gilmar Santos, da Rádio Goltacaz, falou de como foi corrido fazer parte da organização de um fórum de rádio. “Um mês antes, soubemos, de surpresa, que ia ter um fórum social brasileiro. Ligávamos para as rádios comunitárias, e ninguém ainda sabia do fórum social. Nessa correria, só conseguimos fazer a divulgação do FSB agora”, disse.
Lucas Milhomes, do grupo de comunicação Intervozes, lembrou que dois meses antes ainda não se sabia se o fórum iria mesmo acontecer.
Um diferencial, segundo Lucas, foi a liberdade de credenciamento da imprensa. “No começo dos fóruns, havia dúvidas se apenas jornalistas vinculados a veículos de imprensa deveriam ter acesso às credenciais, o que já não acontece”, disse.
Fernanda Meira, da assessoria de comunicação da In’formar, contou que houve um mergulho dos jovens da Comunidade de Peixinhos na experiência na comunicação compartilhada do Fórum Social Brasileiro. “Nunca participei deste tipo de trabalho. Está sendo muito produtivo para mim”, disse Karlos Francisco, um dos credenciados da Agência.
Serviço
– Pauta Aberta: blog feito por estudantes de jornalismo da Unicap, está aberto para quem deseja escrever; inclui também notícias do evento
– FSB 2006: atualizado pela galera do grupo In’formar, o blog reúne informação e dicas da II FSB
– Rádio Mulher, das 10 às 11hrs da manhã, na Rádio Universitária (AM 820 Khz, em Recife), com notícias e informações do Fórum. Os ouvintes têm seu espaço livre pelo telefone (081)2126-8063
– Fórum de Radios, site para ouvir, via streaming, a programação coletiva do Fórum de Radios