A participação feminina neste Fórum Social Brasileiro de Recife tem sido um dos diferenciais do evento. Não só pela ampla participação delas como inscritas, mas também como debatedoras. Nas duas atividades que Fórum realizou cobertura jornalística na tarde de ontem, as mulheres compunham a totalidade das mesas.
O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) organizou debate cujo tema era “Integração solidária na América Latina: os desafios para o Brasil”.
Na coordenação da mesa, Dulce Pandolfi, diretora da entidade. Como debatedoras, Bethânia Davila, do grupo SOS Corpo, de Pernambuco; Magnólia Said, presidenta do Esplar, Centro de Pesquisa e Assessoria radicado em Fortaleza e da coordenação executiva da Rede Brasil; Lílian Celiberti, uruguaia do grupo Articulação Feminista Marco Sur e Virginia Vargas, peruana, da entidade feminista Flora Tristán.
A reflexão unânime das debatedoras é de que o processo da integração regional vem se dando de forma estreita e apenas vinculado aos interesses comerciais das grandes empresas. E no entender de todas, as conquistas de governos por partidos identificados com setores populares e de esquerda, mesmo que de matizes diferenciados, têm acrescentado muito pouco a esse processo de integração mais solidária.
A cearense Magnólia Said fez críticas pontuais ao projeto brasileiro de integração. Para ela o interesse quase único do projeto é a de realizar uma integração física dos países da América do Sul para ampliar os negócios e aumentar a exportação, principalmente para o agronegócio. “Além disso, temos atuado em outros países da mesma forma que o Banco Mundial e o Bird, através do BNDES. O dinheiro que emprestamos para países desenvolverem projetos que interessam ao Brasil tem sempre condicionalidades. O BNDES obriga que esses países contratem empresas brasileiras para realizar as obras, principalmente a Odebrecht e a Queiroz Galvão. E que utilizem equipamentos de empresas brasileiras quando da execução dos projetos”, revelou.
Lílian Celiberti entende que se vive hoje o pior momento do Mercosul. Ela acredita que é necessário que os movimentos sociais e populares participem mais desse processo e que exijam dos seus governos canais para que tal participação seja ativa. Na Argentina, segundo Lílian, 1500 entidades têm discutido diferentes questões para um processo de integração regional. Lílian ainda lembrou que em dezembro do ano passado, no encontro que aconteceu em Montevideo, ficou definido que em 2007 haverá eleição para um Parlamento do Mercosul. “Entendo que apesar de todas as nossas decepções com essa integração, devemos começar a debater nossa participação nessas eleições.