O planeta dos outros 80%

Em painel sobre responsabilidade social e ambiental, realizado na tarde sábado, no Fórum Mundial de Educação Alto Tietê, Nádia Soares de Moraes (Biobras) fez uma explanação sobre o uso desenfreado dos recursos naturais e os impactos decorrentes.

Nádia Moraes
Nádia Moraes

Apenas 20% da população detêm o poder de uso sobre 82,7% do PIB mundial, e que essa mesma pequena parcela faz uso de 75% de toda a energia produzida no planeta!

Segundo Nádia, uma das explicações para o surgimento do movimento sócio-ambiental é a luta pelo direito dos outros 80% da população mundial de fazer uso dos mesmos recursos, e na mesma proporção, apesar de se saber que o planeta não sustentaria tal demanda.

Temas como despejo de resíduos sólidos e líquidos, monocultura e uso de agrotóxicos, aumento dos casos de doenças degenerativas, desertificação, entre outros, foram abordados e correlacionados como forma de justificar a necessidade de conservação/preservação dos recursos naturais.

Trazendo um dado alarmante, Nádia comentou que nos quatro primeiros dias de FME foram produzidas 2 toneladas (dois mil quilos) de resíduos, e que para remediar a quantidade de gás carbônico produzida pela decomposição de todo esse ‘lixo’, seria necessário o plantio de 2 mil mudas de árvores! O que, aliás, será feito amanhã (domingo) a partir das 14 hs na estrada das Varinhas, onde duas mil mudas de espécies da mata atlântica serão plantadas.

Dando seqüência ao tema, Roberto Rocha e Eduardo de Paula (ambos do MNCR) falaram da importância do(a) catador(a) de material reciclável para a sociedade e para a saúde do meio ambiente. Falaram também de suas experiências na catação e dos riscos em lixões a céu aberto.

Roberto Rocha
Roberto Rocha
Eduardo F. de Paula
Eduardo F. de Paula

Roberto falou da trajetória da catação de material reciclável, desde os primeiros registros sobre a atividade até os dias de hoje, onde Ministério do Trabalho reconhece (mas não regulamenta) e descreve as funções do catador (CBO – Portaria 397 de 9/out/2002).

A discussão sobre a atividade se pautou, também, sobre o preconceito em relação ao catador, visto muitas vezes como o “cara que atrapalha o trânsito por causa da carroça”, e que em muitos casos sofre abuso de poder de pessoas que se julgam seus patrões.

Segundo Roberto e Eduardo, é comum o(a) catador(a) não ser aceito(a) nem mesmo dentro de casa, ou pelos próprios amigos, que acreditam que a atividade só é uma alternativa quando alguém “chega ao fundo do poço”.

Defendendo a importância ambiental e social da atividade de catador, Roberto encerrou sua fala com fundo filosófico, citando uma frase criada por ele mesmo… “Atrás daquilo que muitos chamam de lixo existem vidas, consciência e educação ambiental”.

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