Foto: Fabiano P. Silva
“Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza. Temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza. As pessoas querem ser iguais, mas querem respeitadas suas diferenças. Ou seja, querem participar, mas querem também que suas diferenças sejam reconhecidas e respeitadas.” (Boaventura de Souza Santos)
A diversidade tem sido alvo de interpretações das mais variadas possíveis. Vivemos um início de século XXI, o qual nos vende a possibilidade de sermos tudo o que quisermos, de podermos exercer uma sociabilidade baseada no “viva sem fronteiras”.
As tecnologias de informação e comunicação são os pilares da re-produção do capitalismo na atualidade. É no âmbito da comunicação e da informação que se fabricam as subjetividades e o imaginário social da atualidade.
Essa sociedade cunhada na informação, proporcionou um aprofundamento no intercâmbio entre as mais diversas culturas. Porém, tanto o poder de mobilidade nesse mundo dito “sem fronteiras”, quanto o acesso a essa sociedade tecnologizada e informatizada tem sido privilégio de poucos.
Esse intercâmbio cultural tem se dado de forma um tanto esquizofrênica, o ocidente historicamente tem se colocado enquanto modelo cultural para o restante do planeta. Seu modelo de vida, de democracia, de economia, de política, enfim, seu modo de ver o mundo tem sido imposto as demais culturas ao redor do mundo.
A comunicação tem sido o grande suporte dessa dominação cultural.É no interior da comunicação que se dão os processos de convencimento de determinadas verdades, de determinadas visões de mundo. Nesse contexto comunicacional temos o discurso publicitário, o qual tem conseguido apelo a sua demanda, a demanda do consumo.
A publicidade se apresenta, na contemporaneidade, como a única forma de mobilização, uma mobilização calcada estritamente na lógica do consumo. Como nos apresentou Dominique Quessada*, a publicidade e o consumo tem feito o papel que a política fazia em épocas passadas, o de mobilizar em torno de um interesse comum. O interesse comum do consumo de bens e serviços, de informações e de produtos.
A diversidade está cada vez mais vinculada a lógica do consumo, uma diversidade que pode ser adquirida no shopping center. Investe-se na lógica dos produtos cada vez mais personalizados, individualizados, feitos sob medida para o seu consumidor, cria-se uma expectativa em torno do diferente-igual. O indivíduo acha que é diferente, mas na verdade está padronizado pelos gostos estéticos hegemônicos.
O apelo da publicidade seria “você pode ser o que você quiser, quebrar o padrão que quiser, desde que não quebre o elo do consumo”.
A questão perigosa colocada no discurso da diversidade feito pelo capital, é que ele dissimula a diferença, diz que tem lugar para todos no seu interior, que a diferença é aceita assim como ela é efetivamente. A diferença na ótica do capital, é o vazio do exótico, do “eu” em detrimento do “outro”. A diferença é padronizada em um molde que a torna palatável a todos, em sua maioria a diferença aparace sob a forma de estereótipos e preconceitos.
Até que ponto nossa sociedade, que vive sob o prisma
da descartabilidade, competitividade e individualismo, pode estar “aberta” a alteridade, a tolerância e a pluralidade?
O desafio que se coloca para o Fórum Mundial da Educação – que tem como tema central nesse ano de 2007, educação: protagonismo na diversidade – é mobilizar para a ação, já que vivemos um processo de esvaziamento político, é de fazer enfrentamento aos modelos pedagógicos instituídos, tanto no que diz respeito a educação formal, quanto a pedagogia midiática.