O presidente deposto de Honduras, José Manuel Zelaya, chegou na noite de ontem ao Brasil e se encontra esta tarde com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o convidou como um gesto de reconhecimento de que Zelaya é o legítimo mandatário do governo hondurenho.
Zelaya foi detido por militares, em 28 de junho, e em seguida deposto do cargo, e desde então seu retorno tem sido exigido por movimentos de resistência ao golpe, tanto interna quanto externamente.
Porém, as mobilizações e os gestos governamentais não tem sido suficientes para demover o governo de fato de Roberto Micheletti a devolver o cargo ao presidente eleito.
Para Zelaya, especialmente as ações norte-americanas foram demasiadamente tíbias. “Consideramos que o presidente [Barack] Obama pode tomar medidas mais enérgicas nos aspectos econômicos, comerciais, migratórios e mesmo em relação a diversos tratados econômicos que têm com Honduras”, afirmou Zelaya `Agência Brasil.
Zelaya pede sobretudo aos Estados Unidos – com que Honduras mantém cerca de “70% de suas atividades econômicas, culturais, militares e políticas” – que demonstrem seu repúdio ao governo de Roberto Micheletti de forma mais dura.
“Meu encontro com o presidente Lula e com o [ministro das Relações Exteriores] chanceler Celso Amorim é precisamente para tratarmos de uma estratégia para que as medidas contra o regime golpista sejam mais enérgicas, tanto as medidas norte-americanas quanto as latino-americanas”, disse, logo após pousar na Base Aérea de Brasília, a bordo de um jato Falcon 50, de registro venezuelano.
Zelaya também agradeceu à “firmeza com que Lula e Amorim, além de movimentos sociais e setores da imprensa brasileira, condenaram o golpe de Estado em Honduras”, um delito que, para ele, deve ser considerado um crime contra a humanidade.
“O povo hondurenho completa hoje mais de 40 dias de resistência cívica pacífica. Ele foi duramente reprimido, há uma dúzia de assassinatos, mais de mil presos políticos em todo o país. Há tortura e a liberdade de imprensa foi suprimida. O povo sofreu primeiro com o golpe de Estado e agora com a instalação de uma ditadura”, comentou o hondurenho. “Não há, no âmbito internacional, legislação específica sobre golpes de Estado e o Brasil é um dos países dispostos a lutar pela tipificação de golpes de Estado como um delito de lesa-humanidade”, disse. (Informações da Agência Brasil)
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