Entre o período de 12 a 15 de abril, os acionistas da Vale (ex-Vale do Rio Doce) têm encontro marcado no Rio de Janeiro. Nesse mesmo período, como forma de denunciar os impactos e injustiças cometidos pela empresa ao longo de anos, acontecerá o I “Encontro de Populações, Comunidades, Trabalhadores e trabalhadoras afetados pela política agressiva e predatória da companhia Vale do Rio Doce”.
Para isso, os movimentos sociais e sindicais do Brasil e ONGs já convocam as organizações sociais e sindicais dos países onde a Vale atua, como Canadá, Chile, Argentina, Guatemala, Peru e Moçambique, além do Brasil. Na ocasião, devem estar reunidos trabalhadores e trabalhadoras, populações e comunidades afetadas diretamente pela ação da empresa.
Segundo Padre Cláudio Bombieri, integrante da Campanha Justiça nos Trilhos, pela primeira vez as pessoas que sofrem diretamente com os impactos mais negativos da Vale irão se concentrar no Rio de Janeiro para demonstrar com fatos concretos o que vem acontecendo à população que vive no entorno dos empreendimentos e aos trabalhadores da Vale.
Ele enfatizou o fato de que conseguirão concentrar na cidade do Rio todos os representantes dos países onde a Vale atua, como Moçambique, Canadá, e países da América Latina. “Não queremos só marcar presença, mas mostrar nosso rosto e partir para uma ação unitária, que nos caracterize mundialmente”, explicou. A ideia é dar voz às pessoas que sofrem diariamente com a atuação da mineradora.
Caravanas estão sendo organizadas em algumas regiões brasileiras para participar do evento no Rio. Os representantes estrangeiros devem se juntar aos grupos para dar peso às denúncias e cobrança dos direitos violados. A expectativa é que o encontro tenha visibilidade e que a voz do povo seja ouvida.
Apóiam o encontro movimentos e organizações como: Campanha Justiça nos Trilhos, Comitê Mineiro dos Atingidos pela Vale, Fórum Carajás, Rede Justiça Social e Direitos Humanos, Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Grito dos Excluídos Continental, Comissão Pastoral da Terra Nacional, Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia, Consulta Popular, Assembléia Popular Nacional, ONG Fase, MST, e vários outros.
Vale
A Vale, empresa transnacional, é, atualmente, dona de quase todo o minério de ferro do solo brasileiro. Configura no cenário mundial como a 14ª companhia do mundo em valor de mercado. Mas, para ocupar essa posição, explora os bens naturais, as águas e solo, e a mão-de-obra de trabalhadores em todos os países onde atua, causando danos muitas vezes irreparáveis ao meio ambiente e às pessoas.
Até 1997 a empresa brasileira era controlada pelo Estado, mas foi privatizada pelo governo Fernando Henrique Cardoso. A privatização foi considerada fraudulenta, já que o valor da venda foi ‘sub-avaliado’ em US$ 3,4 bilhões. A partir de então, gerou lucro de US$ 49 bilhões, e distribuiu aos seus acionistas US$ 13 bilhões.
Alguns exemplos das atividades exercidas pela Vale são: emissão de dióxido de carbono na atmosfera, desmatamento de florestas e matas, poluição das águas com produtos químicos, mineração em áreas de mananciais de abastecimento público, rebaixamento do lençol freático, desvio de rios, entre outras.
“Os bens naturais e dos solos de cada país são patrimônio soberano dos povos, não dos acionistas nacionais e internacionais da Vale”, diz a convocatória.