Uma das grandes criticas populares à truculência militar é a denominação de “Gorilas”, dada aos generais da linha dura golpista, em 1964. Talvez a denominação seja anterior, mas ali se adequava à perfeição.
Um dos militares que escapava até há pouco dessa qualificação era o general Eduardo Villas Boas, comandante do Exército.
Pois Villas Boas exibe por inteiro, em alta definição, seu gorilismo explícito e cínico, em entrevista ao Estadão deste domingo.
Para além de sua peculiar visão do processo democrático, fazendo coro com as raposas do judiciário no veto político à candidatura Lula, o general coloca na vitrine um nacionalismo de fancaria.
Villas Boas repele a postulação do Conselho de Direitos Humanos da ONU – contra o veto ao ex-presidente – sob a alegação que seria uma afronta à soberania nacional. Então tá…
Veja-se:
“- Um dos argumentos da defesa de Lula é um parecer do Comitê de Direitos humanos da ONU. Como avalia?
É uma tentativa de invasão da soberania nacional. Depende de nós permitir que ela se confirme ou não. Isso é algo que nos preocupa, porque pode comprometer nossa estabilidade, as condições de governabilidade e de legitimidade do próximo governo.
– Na possibilidade de Lula se tornar elegível e ganhar, qual seria a posição das Forças? (…)
O pior cenário é termos alguém sub judice, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha Limpa, tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha Limpa, tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade brasileira. A Lei da Ficha Limpa se aplica a todos”.
Palpite de gorila nunca é palpite. É palpite com baioneta e coturno.
Não se deve estigmatizar as Forças Armadas, instituição decisiva para o processo democrático. Mas levar a sério alguém que se cala diante de um golpe e diante da entrega do pré-Sal e da Embraer equivale a servir aperitivo a cobra.