A União Nacional dos Estudantes (UNE) repudia veementemente os atos cometidos pelas Forças Armadas de Honduras, que há 90 dias cometeu um golpe de Estado no governo de Manuel Zelaya, eleito pela maioria da população em 2006, e que vinha governando de forma progressista, democrática, mantendo uma visão de integração entre os povos da América Latina.
Por conta do golpe, o país encontra-se numa situação caótica: o abastecimento de água, luz e até de telefonia foram cortados em algumas regiões, o toque de recolher foi instaurado e os aeroportos estavam fechados totalmente até a manhã de hoje, quando apenas os vôo regionais voltaram a operar.
Quase três meses depois de ter sido deposto, Zelaya, que foi forçado a deixar Honduras, depois de ser detido em sua residência e levado à base da Força Aérea, onde entrou num vôo com destino à Costa Rica, fez um grande esforço retornando ao seu país na segunda-feira (21). Desde então, ele e dezenas de seguidores estão alojados na embaixada do Brasil, que os acolheu.
A embaixada brasileira está cercada por militares e existem denúncias de que manifestantes pró-Zelaya tenham sido mortos durante os confrontos que ocorreram ao redor da casa. O governo interino, comandado pelo presidente do Congresso e inimigo político de Zelaya, Roberto Micheletti, disse que ele seria preso caso retornasse ao país.
Os organismos internacionais como Organização dos Estados Americanos (OEA), União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), Organização das Nações Unidas (ONU) e até países como os Estados Unidos e o próprio Brasil já se pronunciaram em favor de Zelaya, que está disposto a negociar com o governo provisório. Diversas missões estão seguindo a Honduras com a intenção de intermediar um acordo entre as partes.
Os militares justificam suas atitudes argumentando que o governante hondurenho tinha a intenção de incluir uma cláusula no regimento eleitoral que mudaria a Constituição que, por sua vez, daria condições a ele de se reeleger nas eleições, marcadas para novembro próximo. Recentemente, Micheletti, que não aceitava negociações, discursou em cadeia nacional de rádio e TV afirmando que estava aberto a um acordo.
“Nós, estudantes brasileiros, somos solidários ao povo de Honduras e ao Presidente Zelaya, que mantinha um governo plural e progressista, eleito de forma democrática, e que vinha se alinhando a governos da América Latina, como o do Presidente Lula, aqui no Brasil. Vivemos novos tempos no continente, onde não há espaço para ditaduras militares”, declara Daniel Iliescu, diretor de Relações Internacionais da UNE.