Um barco a Gaza com vários brasileiros

Foto: Railídia Carvalho

Um grupo formado por dois palestinos e pela jornalista e ativista italiana Ângela Lano desembarcou no Brasil neste mês para trazer uma mensagem: o País já tem espaço garantido na próxima flotilha internacional que se está organizando rumo a Gaza. Tendo passado antes por Brasília e Porto Alegre, eles terminaram sua viagem em São Paulo. Entre os compromissos, os dois palestinos falaram a uma plateia de cerca de 30 pessoas em encontro organizado pelo gabinete do vereador Jamil Murad (PCdoB), na Câmara Municipal, no dia 8 de julho. Eles ajudaram a organizar a flotilha internacional atacada pelo exército israelense em 31 de maio, o que culminou no repúdio de milhares de pessoas em todo o globo. Lano estava em um dos barcos.

Na oportunidade, Mohamad Hannun, co-fundador da Assembleia Geral dos Palestinos na Europa, lembrou as consequências do bloqueio ao território ocupado de Gaza, que já dura cerca de quatro anos. “Morreram mais de 300 pessoas inocentes, crianças, velhos, pela falta de medicamentos, material cirúrgico etc..” Ele destacou ainda que os ataques de Israel em 2008/2009 agravaram ainda mais a situação. “Caíram durante 22 dias 1 milhão de quilos de explosivos. Foram mortas mais de 1.200 pessoas e 6 mil, feridas. Foram destruídas mais de 40 mil casas, universidades, escolas, infraestrutura pública, a sede da ONU (Organização das Nações Unidas).”

Acompanhando a tragédia, conta ele, o movimento internacional pró-palestinos decidiu utilizar as águas para romper o bloqueio e fazer chegar comboios com ajuda humanitária. A flotilha da liberdade contou com sete embarcações carregadas de mantimentos e material de construção. Incluíam cem casas pré-fabricadas, tijolos, cimentos, além de mais de 750 pacifistas de de mais de 42 países, incluindo uma do Brasil, a cineasta Iara Lee.

O ataque

No dia 31 de maio, conforme Hannun, às 4h30 da manhã, a 75 milhas das águas palestinas, navios de guerra e helicópteros israelenses atacaram a flotilha, matando nove pessoas e ferindo 60. “Não conseguimos chegar ao nosso objetivo de levar ajuda humanitária à população de Gaza, mas pela primeira o secretário-geral da ONU, Ban Ki Mon, ministros europeus e a comunidade internacional pronunciaram palavras claras condenando os ataques à frota e o bloqueio à faixa”, enfatizou. Depois disso, de acordo com ele, decidiu-se que seria organizada nova flotilha, desta vez com 20 embarcações. “Já há mais de 9 mil inscritos querendo participar. Todos os 750 pacifistas que estavam nos navios e foram humilhados decidiram que partirão novamente. E queremos colocar a bandeira do Brasil”, destacou. A expectativa, disse o ativista, é que tal iniciativa leve ao fim do cerco.

O palestino Abdel Qader acrescentou: “Somos um povo que sofre muito há 62 anos com uma ocupação injusta apoiada por grandes potências. Esperamos que essas ações tragam frutos. E convidamos os brasileiros a participarem dessa operação, senão fisicamente, com sua solidariedade e doações.”

Presente ao enconttro na Câmara Municipal de São Paulo, Marcelo Buzzeto, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), anunciou que sua organização se encarregará de garantir bolas de futebol para as crianças palestinas. E Nita Freire, viúva do educador Paulo Freire, doou livros de autoria de seu marido traduzidos para o árabe.

Interessados em participar da próxima flotilha, que está prevista para partir em setembro próximo, podem se inscrever no site www.savegaza.eu/eng.

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