Proust nos convida a uma imagem da eternidade. Mas a eternidade que ele nos faz vislumbrar não se trata de um eterno sem um tempo infinito, mas sim, um tempo entrecruzado. Entrecruzado entre as reminiscências da memória (internamente) e o envelhecimento (externamente).
Compreender a interação do envelhecimento e das reminiscências significa penetrar no âmago do coração proustiano, ou seja, o universo do tempo entrecruzado.
Em busca do tempo perdido é a obra da memória involuntária, uma força rejuvenescedora capaz de enfrentar o cruel envelhecimento.
“Em o Tempo Recuperado”, após aguardar na biblioteca do Palácio de Guermantes Marcel penetra no salão de recepções. Ele que estivera tanto tempo afastado da sociedade tinha a impressão de adentrar nos bastidores de um teatro ou num baile à fantasia, com a diferença que no teatro real busca-se exagerar a dificuldade em reconhecer a pessoa fantasiada.
Contrariamente, naquele teatro da vida, ele deveria dissimular ao máximo, sentia que nada possuía de lisonjeiro em não reconhecer as pessoas, pois nenhuma transformação fora intencional. E a mesma dificuldade que o Narrador apresentava, os outros também as tinham em relação a ele.
Sem dúvida, a decadência da aristocracia e da alta burguesia de final do século XIX é a Imperatriz do Baile palaciano!
Carlos Russo Jr
Convidamos a leitura de nosso ensaio em: https://www.proust.com.br/post/um-baile-de-m%C3%A1scaras-o-tornar-se-velho-em-em-busca-do-tempo-perdido
Anexo: https://www.youtube.com/watch?v=HoXfV8CE5RU