São Paulo – Um em cada dez adolescentes já publicou fotos íntimas na internet. O mesmo número também já namorou pelo menos uma vez pela rede. Os dados são de uma pesquisa sobre segurança na internet e redes sociais realizada pela ONG Safernet, que combate crimes e violações aos Direitos Humanos na web.
A pesquisa, realizada com 732 educadores e 2.159 estudantes no segundo semestre de 2009, revelou que os adolescentes brasileiros aderiram à troca virtual de fotos e vídeos sensuais por celular e computador, chamada de “sexting” – combinação dos termos em inglês “sex” e “texting”.
“O ‘sexting’ é o fato de os próprios adolescentes tirarem fotos ou fazerem vídeos com cenas eróticas ou sensuais (de si mesmos) e mandarem para os colegas”, explica Rodrigo Nejm, diretor de prevenção da Safernet.
A prática é, entre os adolescentes, um complemento virtual do jogo das “pulseiras do sexo”. “Na escola trocam a pulseira e pela internet trocam uma foto íntima. (O adolescente) vai e tira uma foto seminu ou nu e manda uma mensagem ou vídeo”, descreve o especialista.
O jogo é preocupante por se tratar de um conteúdo adulto para pessoas que ainda estão em desenvolvimento, alerta Nejm que também é psicólogo. “A produção de imagens sexuais pelo próprio adolescente e também o acesso a conteúdos de pornografia, dependendo da idade, pode comprometer o desenvolvimento desse jovem”, assegura. Ele considera que pré-adolescentes e adolescentes são ainda imaturos para lidar com esse tema.
Nejm conta que em Belém (PA) um casal de jovens gravou cenas de sexo dentro da escola e publicou no Youtube, com repercussão em toda a cidade. “Mas, um dia depois, surpreendentemente, os alunos de outras escolas começaram a competir para ver quem tinha o vídeo mais visto na rede”, comenta.
Crime
A produção ou publicação de conteúdo erótico, envolvendo crianças e adolescentes é crime, lembra o especialista. Mas no caso do “sexting” o enquadramento é complexo porque é o próprio adolescente produzindo conteúdo que pode colocar sua vida em risco.
“É o jovem cometendo um crime contra ele mesmo”, analisa. “É preciso tratar isso no âmbito da educação e da prevenção, para criar a consciência das consequências de seus atos”, ensina Nejm.