A palavra orgulho pode ter diferentes conotações e quando ganha o seu sentido mais nobre, é carregada de emoção. Foi essa emoção que me foi passada, nesta semana, pelo quilombola José Lolasco de França, 68, de Nhunguara, no município de Poranga, SP, e pela índigena guarani, da região do Jaraguá, na capital, Ywa Poty Mirim, 55 anos. Eles participaram do evento Entremundos, em Registro, SP.
Ele me contou que ainda conserva sua rotina de vida, de décadas. “Acordo 7h para ir para a roça…”. Lá cultiva arroz, feijão, milho, batata doce, mandioca…um cotidiano vivido pela maior parte das 140 famílias, que moram por lá.
“Não gosto de TV e só assisto jornal”, confessa o quilombola, que muito tempo não teve acesso à energia elétrica e que até hoje não deixa de lado seu lampião e sua relação com a terra, que segundo ele, também tem papel de guardião.
Em sua filosofia de vida, diz – “A gente é o que Deus deixou no mundo e não somos melhores do que o outro…”.
Para Ywa, o que mais lhe dá orgulho, é ser índigena guarani originária de terras brasileiras. Ela conta que o cultivo do respeito à ancestralidade ainda é muito forte entre seu povo, apesar de estarem na área urbana. “Até os seis anos, as crianças aprendem somente tupi e sua cultura e só depois lhes é ensinado também o português”, fala.
Recentemente voltou a estudar e está concluindo o ensino médio. “Eu gostaria de cursar Medicina para ajudar meu povo, mas às vezes, sinto incerteza se não estou velha para isso…”, mas logo lhe vem a motivação de continuar o seu propósito incentivado pela sua comunidade, onde por muito tempo atua como agente de saúde indígena. Aprender a medicina do branco, em sua visão, é uma forma de complementar os conhecimentos e ações dos pajés, sem ferir os costumes de seu povo.
Confira a íntegra do evento em Ocareté-Entremundos www.ocarete.org.br/entremundos